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Bolsas sobem com balanços e estímulos na China, apesar de tensão entre EUA e Índia

Resultados corporativos positivos e estímulos da China sustentam o otimismo, apesar da escalada tarifária entre Trump, Índia e União Europeia

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 06h30.

As bolsas globais operam em alta nesta terça-feira, 5, impulsionadas por resultados corporativos positivos e novos sinais de estímulo econômico na China.

O clima, no entanto, segue pressionado pela escalada protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaça ampliar tarifas sobre produtos da Índia e mantém a tensão com a União Europeia.

Ásia fecha em alta

Os principais mercados da Ásia e do Pacífico avançaram. Na Coreia do Sul, o KOSPI subiu 1,60% após o dado de inflação vir em linha com o esperado (+2,1%); já o Nikkei 225, do Japão, avançou 0,64%. Na Austrália, o S&P/ASX 200 liderou os ganhos na região com avanço de 1,23%.

Na China, o CSI 300, que reúne as principais ações das bolsas de Xangai e Shenzhen, fechou com ganhos de 1,22%; o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,68%. Nesta terça-feira, o governo chinês publicou novas diretrizes para apoio financeiro a indústrias estratégicas, como semicondutores e materiais avançados.

O plano busca incentivar crédito de longo prazo, evitar competição predatória e oferecer soluções financeiras para empresas afetadas por fatores externos. O anúncio animou os investidores e reforçou o otimismo em relação a uma retomada industrial no país.

Índia pressionada pelas tarifas

A exceção foi a Índia, onde o índice Nifty 50 operava com queda de o,38% às 6h do horário de Brasília, pressionado pelo anúncio do aumento substancial das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos indianos.

O governo classificou a medida americana como “injustificada e irrazoável” e prometeu manter as importações de petróleo russo, mesmo sob pressão do Ocidente.

A queda da rupia, que chegou a 87,88 por dólar, próxima de sua mínima histórica, pode ajudar a amortecer o impacto das tarifas ao tornar os produtos indianos mais competitivos, segundo economistas do HDFC Bank.

Europa em alta

Na Europa, os mercados mantêm o viés positivo iniciado na véspera. Por volta das 6h (horário de Brasília), o índice europeu Stoxx 600 avançava 0,32%, com as principais bolsas da região acompanhando o movimento positivo: o DAX, da Alemanha, subia 0,45%; o FTSE 100, do Reino Unido, ganhava 0,33%; e o CAC 40, da França, tinha alta de 0,18%.

Entre os destaques corporativos, a petroleira BP divulgou lucro de US$ 2,35 bilhões no trimestre, superando as projeções e impulsionando suas ações.

Já a fabricante de chips Infineon avançou 5% após reportar lucro ajustado acima do esperado, enquanto a fabricante de bebidas Diageo teve alta de 6,8% ao revisar para cima sua meta de corte de custos, mesmo diante do impacto crescente das tarifas dos EUA, agora estimado em US$ 200 milhões por ano.

Futuros americanos

Os índices futuros de Nova York apontavam para uma abertura em leve alta. Por volta das 6h (horário de Brasília), o Dow Jones futuro subia 0,06%, o S&P 500, 0,11%, e o Nasdaq 100, 0,16%.

O movimento dá continuidade ao rali da véspera, quando os principais índices registraram fortes ganhos: o S&P 500 avançou 1,5% e o Nasdaq, quase 2%, encerrando uma sequência de quatro pregões negativos.

Os investidores seguem atentos à temporada de balanços, com resultados esperados de Pfizer, Yum! Brands, Fox, Snap, AMD e Rivian ao longo do dia. Também será divulgado o dado da balança comercial dos EUA.

Tensão tarifária: EUA, Índia e UE

A escalada protecionista segue no foco. Trump voltou a ameaçar aumentar tarifas sobre a Índia para além dos 25% já anunciados, por conta das importações de petróleo russo. A resposta indiana foi dura: o país acusou EUA e União Europeia de hipocrisia, alegando que esses blocos também mantêm comércio ativo com a Rússia.

Na Europa, um acordo com os EUA está próximo de ser formalizado, segundo autoridades europeias. O entendimento prevê tarifa uniforme de 15% sobre bens da UE, incluindo automóveis e peças, sem cotas ou restrições adicionais.

No Japão, o governo deve revisar para baixo sua projeção de crescimento para 2025, diante dos impactos tarifários, segundo o jornal Nikkei. Já a Coreia do Sul prometeu medidas para mitigar os efeitos das tarifas americanas, com foco em inovação e abertura de novos mercados.

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