Invest

Boom de US$ 3 trilhões em IA corre risco? Investidores ligam alerta

Especialistas alertam que a corrida global por data centers e chips pode gerar perdas bilionárias mesmo que a tecnologia avance

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 05h45.

Os Estados Unidos vivem um dos maiores ciclos de investimento da história moderna. Apenas em 2025, as big techs americanas devem aplicar cerca de US$ 400 bilhões na infraestrutura necessária para rodar modelos de inteligência artificial. Empresas como OpenAI e Anthropic levantam bilhões a cada trimestre, enquanto a soma dos aportes globais em data centers pode ultrapassar US$ 3 trilhões até 2028, segundo estimativas de analistas ouvidos pela The Economist.

A aposta é que a IA transforme radicalmente a economia. Mas especialistas alertam que, mesmo que a tecnologia cumpra seu potencial, muitos investidores podem sofrer perdas expressivas. Caso o retorno esperado não se concretize, o impacto econômico pode ser profundo e imediato.

Corrida bilionária e riscos crescentes

Historicamente, investidores se movem em direção a tecnologias emergentes, mas a velocidade e o volume de capital aplicados na IA superam ciclos anteriores. Os defensores da chamada inteligência artificial geral (IAG) — sistemas capazes de superar o desempenho humano em tarefas cognitivas — acreditam que ela pode estar a poucos anos de distância.

Segundo a publicação britânica, a promessa de retornos extraordinários tem levado empresas a competir pela capacidade computacional necessária para treinar os maiores modelos. Além das gigantes de tecnologia, imobiliárias, empresas de energia e operadoras de nuvem se somaram à corrida. A Oracle, por exemplo, viu suas ações dispararem em setembro após projetar forte expansão no segmento de IA, elevando o patrimônio de Larry Ellison ao topo do ranking global de bilionários.

Mas, como em ciclos passados — da eletrificação no século XIX à bolha da internet —, nem todos sairão ganhando. A tecnologia pode evoluir de formas inesperadas. Modelos menores e mais eficientes já atraem a atenção de desenvolvedores, o que pode reduzir a necessidade de megacentros de processamento.

Impactos econômicos e possíveis perdas

Caso o entusiasmo diminua, o setor pode enfrentar queda abrupta nos investimentos. Startups endividadas e empresas com baixa geração de caixa podem encerrar operações. O risco é que grande parte do capital empregado está em servidores e chips especializados, que se tornam obsoletos em poucos anos.

As grandes companhias — como Meta, Google e Microsoft — financiam a expansão com lucros próprios e balanços sólidos, reduzindo o risco de crise bancária. Fundos soberanos e de capital de risco, que sustentam a maioria das startups de IA, também possuem margem para absorver perdas, segundo a The Economist.

Por outro lado, o efeito econômico agregado seria relevante. Estimativas indicam que o avanço da IA respondeu por 40% do crescimento do PIB dos EUA no último ano. Uma desaceleração levaria à redução na construção de data centers, queda no emprego e menor consumo de energia, com impacto direto sobre setores ligados à cadeia de tecnologia.

Com isso, caso as ações das empresas de IA percam valor, o mercado acionário pode sofrer correções, reduzindo a confiança de investidores e famílias — especialmente das camadas mais ricas, responsáveis por grande parte do consumo recente nos EUA.

O resultado seria um enfraquecimento da economia em meio a juros altos e custos crescentes de energia. Quanto maior o boom, maior tende a ser o impacto de uma eventual reversão.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialBolhas econômicasMercado financeiro

Mais de Invest

Gigante dos brinquedos, Hasbro sente tarifas e prevê alta nos preços

Mega-Sena: prêmio acumula para R$ 95 milhões

Dona da Jose Cuervo tem lucro cinco vezes maior, e ações disparam

Anthropic faz acordo bilionário com Google para turbinar sistemas de IA