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Brasil terá nota revisada pela Fitch Ratings até julho

Semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniu-se com representantes da agência


	Fitch: última revisão do Brasil foi divulgada em 18 de julho de 2013, mantendo a nota em BBB
 (Brendan McDermid/Reuters)

Fitch: última revisão do Brasil foi divulgada em 18 de julho de 2013, mantendo a nota em BBB (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 17h02.

Rio - A agência classificadora de risco Fitch Ratings revisará a nota do Brasil a qualquer momento até julho, mas não comenta se manterá o rating atual.

Semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniu-se com representantes da agência.

Nesta segunda-feira, 19, o diretor executivo da Fitch no Brasil, Rafael Guedes, afirmou que, nos últimos 12 meses, o governo "deu passos na direção correta" de evitar uma piora no cenário econômico do país.

"Desde julho do ano passado, o governo deu passos na direção correta e tomou medidas para evitar um desenvolvimento negativo (na nota)", afirmou Guedes, em encontro de executivos globais da Fitch com jornalistas, no Rio.

A Fitch publica ratings anualmente. A última revisão sobre o Brasil foi divulgada em 18 de julho do ano passado, mantendo a nota do país em BBB, com perspectiva estável - para a dívida de longo prazo em moeda estrangeira.

A nova revisão deve ser publicada antes dessa revisão completar um ano.

Em março, a Standard & Poor's (S&P) anunciou o rebaixamento da nota do Brasil, passando de BBB para BBB-, com perspectiva estável.

Para embasar a decisão, a S&P citou "a combinação de derrapagem fiscal, a perspectiva de que a execução fiscal permanecerá fraca, em meio a um crescimento moderado nos próximos anos, uma capacidade limitada para ajustar a política antes da eleição presidencial de outubro e um certo enfraquecimento das contas externas".

A visão da Fitch sobre a economia brasileira é pior do que a avaliação específica sobre a capacidade de o país pagar sua dívida, e as eleições terão pouco impacto na revisão deste ano.

"A eleição tem pouco impacto porque há um acordo sobre o que se fazer na economia em 2015", afirmou Paul Taylor, presidente global da Fitch, no Rio para um encontro com os principais executivos da agência na América Latina.

Segundo Guedes, o principal risco para o rating do Brasil em ano de eleições seria o governo "colocar o pé no acelerador" dos gastos públicos.

No entanto, um corte nas despesas está entre as medidas positivas mencionadas pelo executivo.

Outro ponto positivo citado foi a retirada de desonerações de impostos. Ainda no campo fiscal, a sinalização de redução nos valores aportados no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também é bem vista.

Outras medidas mencionadas por Guedes são o aperto na política monetária, o destravamento no programa de concessões e uma mudança no discurso da equipe econômica - por exemplo, deixando de lado termos como "guerra cambial".

As medidas tentam neutralizar a visão negativa sobre a economia, formada por baixo crescimento, piora nas contas públicas, inflação pressionada, isolamento em relação ao exterior e intervencionismo, segundo os executivos.

Na visão de Guedes, 2015 será ano de ajustes, qualquer que seja o resultado das eleições. Um dos primeiros pontos a ser ajustado serão os preços administrados.

O executivo crê, porém, num ajuste gradual, sem impactos tão grandes na inflação, que continuará no teto da meta.

Ainda assim, o crescimento ficará abaixo do potencial. A Fitch projeta avanço no PIB de 1,9% para este ano e 2,5% para 2015, mas os números deverão ser revisados para baixo em relatório a ser divulgado em meados de junho.

Segundo Taylor, com economia estável e democracia estabelecida, o Brasil deveria atrair investidores internacionais.

"Deveria haver muito dinheiro para os projetos que o país requer", diz o presidente mundial da Fitch, mencionando a sobra de recursos nos mercados após injeções de liquidez.

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