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Bullard vê excesso de investimento em IA e Fed preocupado com inflação

Para ex-presidente do Fed de Saint Louis, há muita construção de estrutura física ligada a IA — 'não está claro de onde as receitas vão vir'

James Bullard: ex-presidente do Fed de Saint Louis vê batalha de titãs entre 'big techs' (David Orrell/Getty Images)

James Bullard: ex-presidente do Fed de Saint Louis vê batalha de titãs entre 'big techs' (David Orrell/Getty Images)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 26 de novembro de 2025 às 06h10.

Última atualização em 26 de novembro de 2025 às 06h12.

O economista James Bullard, ex-presidente do Federal Reserve de Saint Louis, engrossa o coro de analistas e instituições financeiras que acham que os investimentos em inteligência artificial podem ter passado dos limites. Ainda que acredite que "muitas coisas boas" vão vir com a tecnologia, Bullard vê "muita construção em andamento", principalmente de estruturas físicas, e isso lhe parece "excessivo".

Na visão do ex-Fed, Amazon, Google e Meta travam uma "batalha de Titãs" pela dianteira na corrida da IA.

"Todas essas três companhias estão preocupadas que outra empresa desenvolva IA primeiro, ocupem seus espaços e tirem elas da jogada", explicou Bullard, durante evento do UBS, em São Paulo. Essa "outra empresa", no caso, seria a Microsoft, junto com a OpenAI. 

"Então você tem essas quatro companhias investindo feito loucas em data centers e inteligência artificial porque elas acreditam que uma vai roubar o lugar da outra".

Por outro lado, o mercado tem se perguntado cada vez mais de onde vão vir as receitas e há um sentimento de que haverá somente um vencedor nessa disputa, diz Bullard.

"Ninguém sabe qual será o desfecho disso, mas para mim é compreensível todo esse questionamento, dado que há um investimento insano em plantas físicas que não têm outro uso e que até então não é sabido como vão gerar receitas".

Guinada de produtividade

Bullard avalia que os dois últimos anos mostraram bons números de crescimento de produtividade nos Estados Unidos e, possivelmente, a inteligência artificial contribuiu com isso.

"Olhando os dados atuais,  temos o maior crescimento de produtividade das últimas décadas nos EUA", afirma Bullard. Porém ainda não está claro se essa aceleração também estaria relacionada às políticas "pró-negócios" do presidente Donald Trump.

"De qualquer forma, é um sinal muito promissor para a economia dos Estados Unidos", afirmou. Bullard está bulish na economia americana e acredita que o PIB do país vai ficar acima das projeções na primeira metade do ano que vem, após crescer algo em torno de 4% em 2025.

Em relação ao mercado de trabalho americano, por mais que reconheça que a criação de emprego deva se consolidar em patamares muito mais baixo, reflexo da dura política antimigratória do governo Trump, Bullard acha que emprego não é razão para o Fed justificar corte nos juros.

"Não seria como eu justificaria, mas é a forma que tem sido feita. Você tem outros dados da economia americana que mostra que o mercado de trabalho está bem. A taxa de desemprego está relativamente baixa, perto do que é considerado natural. Outras métricas do mercado de trabalho são benignas", afirma.

"O crescimento [da economia americana] parece muito bom. O desemprego também parece muito bom. Mas a inflação está um pouco alta, e acho que é basicamente essa a posição do comitê agora e como eles estão pensando sobre a política monetária dos EUA.

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