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Carnaval ajuda e Ambev aumenta volume e margem no Brasil no 1º tri

Performance positiva no Brasil compensou a pressão negativa na América Central, no Caribe e no Canadá

Ambev (Heudes Regis/Exame)

Ambev (Heudes Regis/Exame)

Publicado em 8 de maio de 2025 às 08h38.

Última atualização em 8 de maio de 2025 às 11h02.

A Ambev reportou um crescimento modesto de 0,7% no volume total no primeiro trimestre de 2025, sustentado pelo desempenho no mercado brasileiro. O destaque veio das divisões de cerveja, que cresceu 0,7%, e de não alcoólicos (NAB), que avançou 3,2% e atingiu volume recorde.

A performance positiva no Brasil compensou a pressão negativa em outras geografias: América Central e Caribe e Canadá recuaram 4,9% e 4,2%, respectivamente. Na América do Sul, os volumes cresceram 1,1%, com recuperação do mercado na Bolívia.

O segmento de cerveja no Brasil, principal negócio da companhia em termos de receita, também apresentou aumento na receita por hectolitro de 3,2%, impulsionando o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da divisão, que cresceu 11,6%. Esse avanço responde a uma meta traçada ainda pela antiga gestão da empresa.

Além do avanço em rótulos premium como Corona, Spaten, Stella Artois e Original — que cresceram mais de 20% no trimestre —, a companhia também destacou que os ganhos em marcas de maior volume, puxados por Brahma e Antárctica, avançaram na casa de um dígito médio, o que sugere que a recuperação da Skol segue em estágio inicial. Já o segmento de cervejas sem álcool cresceu perto de 40%.

Para a analista do Citi, Renata Cabral, os números indicam que as vendas ganharam fôlego com o Carnaval, já que indicadores de mercado, como os da Nielsen, apontavam queda de volume até fevereiro.

Despesas controladas

A gestão de custos ajudou no resultado operacional. O CPV por hectolitro e as despesas com vendas, gerais e administrativas, excluindo depreciação e amortização, cresceram abaixo da inflação — 2,7% e 3,4%, respectivamente. A companhia atribui esse desempenho à disciplina na alocação de recursos e à menor pressão de commodities e câmbio no período.

A receita consolidada da Ambev no primeiro trimestre cresceu 11%, atingindo R$ 22,5 bilhões, ante R$ 20,3 bilhões no mesmo intervalo de 2024. Ainda assim, o lucro líquido ficou praticamente estável, em R$ 3,8 bilhões. O avanço das operações foi anulado pelo aumento das despesas financeiras e pela maior carga de imposto de renda no Brasil.

No segmento de não alcoólicos, o volume subiu 3,2%, enquanto a receita líquida aumentou 11,4%, com crescimento de 7,9% da receita por hectolitro. A Ambev destacou o desempenho de refrigerantes sem açúcar como Guaraná Antarctica Zero e Pepsi Black, que cresceram 25% e 35%, respectivamente.

O avanço também foi impulsionado pela expansão da plataforma digital BEES, que elevou em 92% o GMV do marketplace. O Zé Delivery também avançou, com crescimento de 15% no valor bruto de vendas.

Estratégia e execução

No comentário que acompanha o balanço, a administração da Ambev destacou o sucesso da estratégia baseada em três pilares: liderança e expansão de categoria, digitalização e monetização do ecossistema, e otimização dos negócios. Segundo a companhia, a combinação desses fatores sustentou a expansão de margem pelo décimo trimestre consecutivo, com aumento de 1,8 ponto percentual.

“Tivemos um início de ano sólido, impulsionado pela execução da nossa estratégia de crescimento nos mercados em que operamos, entregando mais um trimestre de momentum contínuo da receita líquida, crescimento de dois dígitos do Ebitda ajustado e expansão das margens”, afirmou o CEO Carlos Lisboa.

A companhia também destacou os ventos contrários de câmbio e commodities previstos para aumentar a partir do segundo trimestre, mas reforçou sua confiança na resiliência da categoria de cerveja e na força das suas marcas.

O Citi classificou os resultados do primeiro trimestre como em linha com o esperado e destacou o bom desempenho da divisão de cerveja no Brasil. Segundo o banco, a expansão foi impulsionada por marcas premium e pela redução de 3,3% no custo caixa por hectolitro.

Apesar disso, o banco manteve recomendação neutra para ABEV3, citando múltiplo de 14 vezes o lucro estimado para 2025 e expectativa de pressão futura nas margens no Brasil.

Dividendos

O Conselho de Administração da Ambev aprovou na última quarta-feira, 7, adistribuição de dividendos intermediários no valor de aproximadamente R$ 2 bilhões. O pagamento será feito em julho, conforme divulgado pela companhia.

Concorrência

Enquanto a Ambev conseguiu crescer em volume e receita no Brasil, sua principal concorrente, a Heineken, reportou queda nas vendas de cerveja no primeiro trimestre, desempenho abaixo das expectativas do mercado. A empresa atribuiu o recuo a fatores sazonais, como o feriado da Páscoa mais tardio, o que impactou negativamente a temporada de vendas.

No Brasil, a Heineken também viu tanto volume quanto receita caírem na casa de um dígito médio — uma reversão em relação à tendência positiva dos últimos trimestres, em um momento em que a empresa acelera investimentos no país com a nova fábrica de Patos de Minas prestes a entrar em operação.

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