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Casas Bahia vai vender no Mercado Livre: o que ela ganha com isso?

Meli deve ser vitrine importante para impulsionar vendas da Casas Bahia no curto prazo, mas a varejista pode ficar dependente do 'market place' no médio e longo prazo, diz especialista

Varejista vai levar produtos de ticket mais alto para o market place do Meli (Casas Bahia/Divulgação)

Varejista vai levar produtos de ticket mais alto para o market place do Meli (Casas Bahia/Divulgação)

Publicado em 23 de outubro de 2025 às 11h27.

Última atualização em 23 de outubro de 2025 às 11h36.

A Casas Bahia (BHIA3) e o Mercado Livre (MELI34) oficializaram uma parceria para ampliar impulsionar as vendas da varejista no market place.

A companhia passará a vender produtos de suas principais categorias — eletrodomésticos, eletrônicos e móveis — no Meli a partir de 1º de novembro, em meio aos preparativos para a Black Friday, uma das datas mais relevantes para o comércio.

Com a iniciativa, a Casas Bahia espera ampliar seus canais de venda e se consolidar como líder na venda de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis no varejo omnichannel brasileiro.

A própria Casas Bahia tem um market place, cujo valor total de mercadorias vendidas (GMV) avançou 16,2% no segundo trimestre.

"Mais do que uma expansão de canal, é uma evolução no modelo de negócio do Grupo Casas Bahia", afirmou Renato Franklin, CEO do Grupo Casas Bahia, em fato revelante. 

No texto, Fernando Yunes, vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no Brasil, diz que a parceria vai explorar complementaridade entre as empresas.

"E marca o início de uma nova fase para o e-commerce de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis no Brasil", acrescentou.

Estruturas compartilhadas

As empresas vão compartilhar estruturas de distribuição. A Casas Bahia tem 1.100 lojas e 30 centros de distribuição espalhados pelo país. Em algumas regiões, terá à disposição a estrutura do Mercado Livre, para reduzir custos e acelerar entregas.

O Mercado Livre, por sua vez, passa a ser o principal canal de vendas online dos produtos da Casas Bahia. A parceria leva produtos de maior volume e ticket médio mais alto, como eletrodomésticos, para o Meli.

" A Casas Bahia ficou bem para trás nessa parte digital. E para o Meli parece um ótimo negócio, porque os 'sellers' do market place são micro e médias empresas com dificuldades de entregar produtos grandes", afirma Maurício Grandeza, consultor de varejo que já foi diretor de market place no Mercado Livre entre 2004 e 2005. 

"A maioria das transportadoras não gostam de entregar esse tipo de produto, porque amassa, quebra. A Casas Bahia tem isso resolvido", complementa.

A XP ressalta que, até agora, o Meli vinha tentando alavancar a categoria de bens duráveis na plataforma por meio de investimentos em estoques próprios (1P) e garantir competividade, o que a Casas Bahia oferece.

"É mais um passo para apoiar uma proposta de valor mais diferenciada em relação a outras plataformas, oferecendo um sortimento maior a preços competitivos e entrega rápida na categoria de duráveis", diz o time de análise de varejo da casa.

Risco de dependência

Por outro lado, Grandeza acredita que a parceria tende a gerar uma dependência para a Casas Bahia, no médio e no longo prazo.
"Ela deve conseguir um aumento de vendas importante, pois o Mercado Livre vai dar visibilidade dentro da plataforma para os produtos da empresa, em detrimento de menores sellers. Mas, no médio e longo prazo, isso pode vir a ser uma morfina, uma dependência que acho bem arriscada", afirma.
A XP também acredita que o a parceria adiciona um canal relevante, com tráfego significativo, que tende a impulsionar vendas das Casas Bahia. "É um fator favorável aos resultados do quarto trimestre, já que a Black Friday deve se beneficiar disso. No entanto, observamos que isso também pode desviar parte do tráfego próprio de e-commerce da Casas Bahia".

No último ano, a Casas Bahia passou por reestruturações financeiras e ajustes operacionais em busca de melhorar a rentabilidade.

Converteu R$ 1,6 bilhão de dívidas em ações, passando a ter um novo controlador, a Mapa Capital assumiu  85,5% do capital da empresa. A gestora ficou com três assentos no colegiado da varejista, de um total de sete. Hoje, o colegiado é formado por cinco membros e deve ser acrescido de duas cadeiras.

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