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CEO da Starbucks afirma que reajuste de preço é 'último recurso' para recuperação da rede

Brian Niccol aposta em melhorias no atendimento e mudanças nas lojas para reverter queda nas vendas; sede paralela da rede foi finalizada na Califórnia e fica a 5 minutos da casa do CEO

Starbucks: CEO da empresa afirmou que apesar dos resultados negativos, a rede começa a ganhar tração. (Joshua Trujillo/Starbucks/Divulgação)

Starbucks: CEO da empresa afirmou que apesar dos resultados negativos, a rede começa a ganhar tração. (Joshua Trujillo/Starbucks/Divulgação)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 30 de julho de 2025 às 06h03.

Brian Niccol, CEO da Starbucks, afirmou nesta terça-feira, 29, que reajustar os preços será sempre a última opção na tentativa de reverter a crise da companhia. A fala ocorreu durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre, quado o executivo garantiu que prefere segurar essa medida o máximo possível, mas não descarta adotá-la no futuro, caso necessário.

“Há momentos em que faz sentido fazer ajustes — e, quando isso acontecer, vamos fazer o mínimo possível”, declarou. “É a última alavanca que eu gostaria de puxar.”

Niccol, que já liderou reestruturações no Taco Bell e na Chipotle, assumiu o comando da Starbucks em setembro e lançou a campanha “Back to Starbucks”, com foco em atendimento ao cliente e renovação das lojas. 

Desde então, segundo o Business Insider, a empresa eliminou taxas extras para leites vegetais, alterou preços de xaropes e ingredientes adicionais, além de reestruturar os espaços das lojas com poltronas e louças de cerâmica para estimular visitas mais longas.

Segundo ele, as cafeterias que já adotaram o novo modelo de atendimento Green Apron, com foco em agilidade e maior conexão com o consumidor, vêm registrando melhora nas vendas, no número de transações e nos tempos de atendimento.

Resultados seguem fracos, mas empresa supera receita esperada

Apesar dos esforços, a Starbucks registrou queda nas vendas pelo sexto trimestre consecutivo. Segundo o relatório do terceiro trimestre, as vendas globais em lojas comparáveis caíram 2%, reflexo de uma redução no volume de transações. O tíquete médio, no entanto, subiu 1%.

O desempenho mais fraco foi registrado na América do Norte, enquanto os mercados internacionais ficaram estáveis. Ainda assim, a receita cresceu 4%, para US$ 9,5 bilhões, superando as previsões de analistas, segundo apuração da Reuters.

Apesar dos resultados negativos, a empresa conseguiu reconquistar seu segundo maior mercado do mundo: a China. O número de transações no país aumentou 6%, enquanto as vendas nas mesmas lojas subiram 2%, encerrando uma sequência de quedas que começaram no fim de 2023.

“Embora nossos resultados financeiros ainda não reflitam todo o progresso que fizemos, os sinais são claros: estamos ganhando tração”, afirmou Niccol. “Nosso plano está funcionando. Ele se baseia no que nos torna Starbucks: bebidas artesanais, cafeterias acolhedoras e conexões humanas.”

Escritório sob medida e críticas à nova gestão

A empressa construiu um novo escritório de 429 m² em Newport Beach, Califórnia, a apenas cinco minutos da casa do novo CEO Brian Niccol. Com janelas do chão ao teto voltadas para o oceano, móveis de couro, piso de carvalho-branco e uma máquina de expresso de US$ 14 mil, o espaço foi apelidado internamente de 'Projeto Sunshine', segundo documentos obtidos pelo Business Insider.

A sede paralela, concluída em 2 de julho, fica a cerca de 1.900 km da sede oficial da empresa em Seattle. Enquanto isso, os funcionários corporativos foram recentemente obrigados a voltar ao trabalho presencial quatro vezes por semana. Caso os trabalhadores se recusem a adotar a nova modalidade, poderão ser demitidos.

O plano de criar o escritório foi revelado em um documento da SEC que detalhava o pacote de remuneração do CEO: salário base de US$ 1,6 milhão e mais de US$ 95 milhões em ações nos primeiros quatro meses no cargo. Para facilitar sua logística, a Starbucks se comprometeu a montar um “pequeno escritório remoto” perto de sua casa na Califórnia.

Em maio, a empresa estava a procura de um capitão de aeronave após anunciar a contratação de Brian Niccol, que alegou não ter pretensões de realizar a mudança de sua residência para a sede principal da empresa. A medida gerou protestos por parte de funcionários da rede de cafeteria, alegando que a prática é vista como incompatível com as metas ambientais da empresa. A nova liderança está a frente de uma campanha de reestruturação na Starbucks para reverter queda nas vendas e melhorar a experiência do cliente. 

A imposição de retorno presencial também gerou revolta interna, com protestos de funcionários em canais corporativos e cartazes nos escritórios. Para alguns, o novo escritório luxuoso do CEO simboliza a desconexão entre a liderança e a base.

Um porta-voz da empresa afirmou ao site que o espaço será usado também por outros funcionários e visa permitir que o CEO aproveite melhor o tempo quando estiver na Costa Oeste. “Queremos que ele seja o mais produtivo possível, dadas as intensas demandas sobre seu tempo”, afirmou.

Projetado por grandes nomes e com espaço para expansão

O projeto foi assinado pela Gensler, renomado escritório de arquitetura responsável pela Shanghai Tower e o Chase Center, e executado pela Pacific Tusk Builders. O prédio onde está o novo espaço pertence à Irvine Company e inclui áreas de lazer compartilhadas como mesas de pingue-pongue, TVs e espaços ao ar livre.

O projeto prevê salas de reunião com vista para o mar, área de descanso e um escritório executivo de 53 m² com banheiro privativo. A Starbucks afirmou que esta é apenas a primeira fase e que pode expandir sua presença em Newport Beach ao longo do tempo.

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