Redatora
Publicado em 17 de julho de 2025 às 11h46.
Os principais executivos dos bancos de Wall Street estão preocupados com os efeitos das tarifas de importação sobre a inflação e o comportamento de empresas nos Estados Unidos. Segundo a agência Reuters, mesmo com resultados financeiros robustos no segundo trimestre, o clima entre os CEOs é de cautela diante dos impactos econômicos provocados pelas medidas comerciais do governo de Donald Trump.
A presidente do Citigroup, Jane Fraser, afirmou que alguns clientes corporativos começaram a pausar investimentos e contratações. A expectativa do banco é que o consumo desacelere na segunda metade do ano caso os preços voltem a subir de forma mais acentuada. A inflação nos EUA teve alta de 0,3% em junho, a maior em cinco meses, em linha com as previsões do mercado.
O CEO do Wells Fargo, Charles Scharf, relatou que muitas empresas estão evitando repassar aos consumidores o custo extra das tarifas.
Ainda assim, ele observou que os empresários estão mais conservadores, evitando aumentar estoques ou contratar mais pessoal, e desenvolvendo planos de contingência para cenários mais adversos. Scharf também alertou para o risco de que os ativos financeiros estejam supervalorizados.
Apesar das incertezas, os seis maiores bancos dos Estados Unidos — JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs e Morgan Stanley — superaram as expectativas de lucro no último trimestre, impulsionados pela saúde financeira de consumidores e empresas e pelo bom desempenho das mesas de operação.
Ainda assim, executivos disseram estar atentos à forma como os consumidores vão reagir caso os preços de bens subam de forma mais acentuada.
Para o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, persistem riscos relevantes à economia, mesmo com sinais de resiliência. Já David Solomon, do Goldman Sachs, chamou atenção para o aumento das incertezas geopolíticas e a falta de definição em acordos comerciais.
O cenário instável influenciou as projeções das grandes corretoras. Após anúncio das tarifas no chamado “Dia da Libertação”, o JPMorgan chegou a elevar para 60% a probabilidade de recessão nos EUA em 2025. A estimativa foi reduzida para 40% nas últimas semanas.
Apesar do ambiente volátil, os executivos se mostram mais otimistas em relação à segunda metade do ano. Eles esperam uma retomada no volume de fusões e aquisições, após um segundo trimestre já marcado por sinais de recuperação.
Segundo a diretora financeira do Morgan Stanley, Sharon Yeshaya, muitas empresas estão focadas em liderar movimentos estratégicos e crescer, olhando além das tarifas.