Contrata-se: 41% dos CFOs esperam aumentar o quadro de funcionários, contra 28% no mesmo período de 2024 (courtneyk/iStockphoto)
Editora do Exame INSIGHT
Publicado em 23 de outubro de 2025 às 15h30.
Última atualização em 23 de outubro de 2025 às 15h34.
O otimismo voltou a dar o tom entre os diretores financeiros brasileiros — ainda que de forma cautelosa. O Índice de Confiança do CFO (iCFO) chegou a 126,9 pontos no terceiro trimestre de 2025, uma leve alta em relação aos 125,7 pontos do período anterior, mas ainda abaixo dos níveis de 2024, quando se manteve consistentemente acima dos 127 pontos.
O índice, feito pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP) em parceria com a Exame Saint Paul, mostra um Brasil que inspira mais confiança no curto prazo, mas ainda enfrenta ventos contrários conhecidos. Demanda interna fraca (19,4%), juros altos (15,1%) e ambiente político (9,4%) são os três fatores de maior preocupação entre os respondentes.
O indicador do IBEF-SP tem três componentes: um voltado à macroeconomia, outro referente aos setores em que os CFOs atuam e um terceiro relativo às empresas.
A leitura mais recente sugere que, embora os executivos estejam mais confiantes na capacidade de seus próprios negócios e setores, o ambiente macro ainda não dá sinais claros de melhora — reflexo de um cenário de Selic média esperada de 14,3% e dólar projetado em R$ 5,51. A expectativa para o PIB de 2025 é de alta de 2,1%, segundo a média das projeções coletadas.
No trimestre encerrado em setembro, o destaque foi o vetor setorial, com alta de 3,5 pontos, para 128,6 pontos. Já o índice relativo às empresas (iCFOe) avançou marginalmente, para 132,5, enquanto o índice macroeconômico (iCFOm) permaneceu estável, em 119,8 pontos
Mesmo com a cautela, os planos de investimento seguem firmes. Três em cada dez CFOs pretendem investir em tecnologia da informação (TI) nos próximos 12 meses — uma tendência que se mantém desde o início da série histórica, em 2016. Em segundo lugar vêm os aportes em ampliação de capacidade instalada, mencionados por 25,5% dos executivos.
Entre os que planejam investir em TI, 47% afirmaram que menos da metade do orçamento será destinado a soluções de inteligência artificial e Big Data, enquanto 19% disseram não prever qualquer investimento nessa frente. Apenas um terço dos respondentes planeja direcionar 50% ou mais dos recursos tecnológicos para IA e dados.
A pesquisa também revelou um dado que acende alerta: 83% dos CFOs não planejam investir na aquisição de startups ou hubs de inovação nos próximos meses. O dado contrasta com o discurso de transformação digital e crescimento sustentável que domina o ambiente corporativo, e sugere uma pausa nas apostas em inovação mais disruptiva — possivelmente em função do custo de capital elevado
Do lado do emprego, os sinais são mais animadores: 41% dos CFOs esperam aumentar o quadro de funcionários e terceirizados até meados de 2026 — ante 28% na pesquisa rodada no terceiro trimestre de 2024.
Por outro lado, a fatia dos que planejam reduzir equipes também cresceu, de 18% para 21%, indicando uma polarização entre empresas em expansão e outras ainda em ajuste de custos.
A escala de pontuação do iCFO, colhido trimestralmente desde 2016, vai de 20 a 180, sendo 100 pontos o nível que representa a neutralidade das expectativas dos CFOs com relação aos próximos 12 meses.
O limite inferior da escala do índice, de 20 pontos, indica o maior nível de pessimismo; enquanto o limite superior da escala, de 180 pontos, indica o maior nível de otimismo do CFO em relação às expectativas para os próximos 12 meses.