Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 10h39.
São Paulo - Os dados fracos da balança comercial chinesa em julho dão continuidade à realização de lucros na Bovespa, iniciada timidamente na quinta-feira, em linha com a frustração que o crescimento mais brando das exportações e das importações do gigante emergente provoca nos mercados internacionais desde cedo. O "sumiço" das autoridades monetárias europeia, chinesa e norte-americana nesta semana também deixa os investidores desesperançosos e preferindo embolsar os ganhos recentes nesta véspera do fim de semana. Por volta das 10h05, o Ibovespa caía 0,46%, aos 58.528,32 pontos.
"A ausência de notícias até então era uma coisa boa, mas agora começa a incomodar", diz o sócio-gestor da Cultinvest, Walter Mendes. Ele se refere à arrancada dos ativos de risco desde o fim da semana passada, alimentada por expectativas de ações por parte dos principais bancos centrais globais - Federal Reserve, Banco Central Europeu (BCE) e Banco do Povo da China (PBoC). Porém, acrescenta Mendes, como nada foi anunciado e nenhum medida foi adotada, os mercados financeiros ficaram desanimados. "Quem ganhou, não quer esperar mais", completa.
O mote para essa realização de lucros é a China. Depois de anunciar na quinta-feira números fracos sobre a atividade industrial e as vendas no varejo no mês passado, o país asiático reportou nesta sexta-feira um crescimento mais brando das exportações (+1%) e das importações (+4,7%) em julho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, e também abaixo das expectativas. A bolsas de Xangai e de Hong Kong fecharam em queda, contaminando os demais mercados acionários na Ásia.
E o sinal negativo prevalece no Ocidente desde as primeiras horas da manhã. Por volta do horário acima, as Bolsas de Nova York sinalizam para uma abertura em baixa, em dia de agenda econômica norte-americana novamente fraca, ao passo que as principais bolsas europeias recuam cerca de 1%, penalizadas também pela pressão negativa vindas das commodities.
Na Bolsa, as atenções se voltam para o comportamento das ações da Vale, já que a China é a maior compradora do minério de ferro exportado pela empresa brasileira. Os números divulgados hoje sobre a balança comercial da China mostra que as compras chinesas de minério de ferro feitas no exterior ainda continuam no terreno positivo, mas em ritmo cada vez menor.
Para Mendes, porém, a decepção dos mercados financeiros com os números fracos da China não deve retirar a Bolsa da recente trajetória de alta. Para ele, o movimento de hoje deve ser um simples sinal de perda de tração, incapaz ainda de retirar a atratividade das ações brasileiras, descontadas em relação aos principais pares estrangeiros.
"A Bolsa está leve", avalia o sócio-gestor da CultInvest. "A perda esperada para hoje não significa dizer que a Bolsa vai entrar em uma direção de queda livre", diz, destacando que os investidores precisam estar acostumados com esses movimentos de "ida e vinda", já que o cenário macroeconômico global continua desafiador.