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A China começou a construir uma mega usina de US$ 170 bi. Por que isso é uma boa notícia para a Vale

Obra dá impulso à infraestrutura no país e eleva os preços do minério de ferro; ações da mineradora sobem mais de 3%

China avança com mega-barragem tibetana de US$ 167 bilhões apesar dos riscos (Adrienne Mong/NBC NewsWire / Getty Images)

China avança com mega-barragem tibetana de US$ 167 bilhões apesar dos riscos (Adrienne Mong/NBC NewsWire / Getty Images)

Publicado em 21 de julho de 2025 às 15h21.

Última atualização em 22 de julho de 2025 às 16h03.

A China iniciou a construção de uma mega usina hidrelétrica no Tibete, que deve consumir US$ 170 bilhões em investimentos e será o maior empreendimento odo tipo no mundo após a sua conclusão.

O projeto, que será administrado pela recém-criada China Yajiang Group, terá cinco barragens em cascata e capacidade estimada de 70 gigawatts, supera a produção energética total da Polônia e será o mais ambicioso no país desde a construção da usina de Três Gargantas, iniciado na década de 1990 e concluído em 2012.

Anunciado pelo premiê Li Qiang, o projeto deve impulsionar setores como energia, cimento e aço, e pode elevar o PIB da China em 0,1 ponto percentual no primeiro ano de obras, segundo analistas do Citigroup.

A expectativa da demanda em relação ao projeto fez o preço do minério de ferro disparar, avançando 2,08% no mercado chinês de Dalian, o que está dando suporte a papéis de mineração e siderurgia em todo mundo nesta segunda-feira.

A CSN Mineração registra ganho de 4,96% (R$ 5,29), com a maior valorização do segmento, seguida por Vale, em alta de 3% (R$ 56,23). A Usiminas tem valorização de 3,32% (R$ 4,05). Gerdau sobe 3,54% (R$ 16,68) e Metalúrgica Gerdau tem alta de 2,89% (R$ 9,26).

Além do impacto do próprio projeto, o mercado especula que o anúncio de início das obras da hidrelétricas pode ser seguido por novas obras de infraestrutura, num impulso do governo chinês à sua própria economia, ajudando a enxugar a sobreoferta de aço no país.

Essa oferta extra na China tem se traduzido numa inundação de importações de aço em todo o mundo. O Brasil tem sido bastante afetado, com mais de um terço do consumo aparente já vindo de importações.

Tensões com a Índia e impactos ambientais

O impacto ambiental e geopolítico da usina no Tibete tem gerado reações. O desfiladeiro onde a barragem será construída é uma área de alta biodiversidade e abriga uma reserva natural nacional. A Índia expressou preocupação com a obra, já que o rio atravessa o estado de Arunachal Pradesh e deságua no rio Brahmaputra, fundamental para o abastecimento de milhões de pessoas. Autoridades indianas discutem acelerar seu próprio projeto hidrelétrico na região.

[grifar]Além do impulso econômico, o governo chinês afirma que a barragem contribuirá para a meta de neutralidade de carbono até 2060. O projeto também está inserido em uma estratégia para reorganizar a indústria siderúrgica, que enfrenta excesso de capacidade. A expectativa é que isso melhore as margens das usinas e sustente o preço das matérias-primas.

Ainda não foi detalhado como será o financiamento do projeto, mas o histórico chinês de crédito subsidiado para infraestrutura e a previsão de venda futura de energia indicam viabilidade financeira, segundo especialistas. A barragem também exigirá a instalação de longas linhas de transmissão para abastecer regiões mais populosas do leste da China.

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