O objetivo do projeto é atingir uma produção de 60 mil barris de petróleo bruto por dia até o final de 2026 (Divulgação)
Repórter de mercados
Publicado em 22 de agosto de 2025 às 10h06.
A China Concord Resources Corp (CCRC) iniciou o desenvolvimento de dois importantes campos de petróleo na Venezuela, com um investimento previsto superior a US$ 1 bilhão. O objetivo do projeto é atingir uma produção de 60 mil barris de petróleo bruto por dia até o final de 2026, conforme informou um executivo envolvido no projeto à agência de notícias Reuters.
A iniciativa representa um investimento raro de uma empresa privada chinesa no país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que tem enfrentado dificuldades para atrair investidores estrangeiros devido às sanções internacionais impostas pelo governo de Nicolás Maduro. No entanto, a Venezuela continua sendo um parceiro estratégico para a China, que atualmente compra mais de 90% do petróleo exportado pela nação sul-americana.
Por meio da gigante petrolífera, China National Petroleum Corporation (CNPC), a China estava entre os maiores investidores no setor petrolífero da Venezuela antes das sanções energéticas dos Estados Unidos serem impostas pela primeira vez ao país em 2019. Apesar disso, Pequim continua sendo uma grande credora da Venezuela e tem mantido sua aliança com o regime de Maduro e com o ex-presidente Hugo Chávez.
No início de 2024, a CCRC começou a negociar sua participação nos campos de Lago Cinco e Lagunillas Lago, localizados na região do Lago Maracaibo, a segunda maior área produtora de petróleo do país. Em maio de 2024, a companhia chinesa formalizou um contrato de partilha de produção com a Venezuela, válido por 20 anos, sob a Lei Antibloqueio, aprovada pelo governo venezuelano em 2020. Este modelo de contrato permite que investidores operem campos de petróleo em troca de uma parte acordada da produção, ajudando a mitigar os impactos das sanções.
Apesar da falta de experiência prévia da CCRC em perfuração de petróleo, a empresa já enviou cerca de 60 especialistas chineses desde setembro de 2024 e uma sonda de perfuração para reabrir cerca de 100 poços, com o objetivo de recuperar a produção nos campos. Atualmente, a produção nos dois campos, que estava praticamente paralisada, chega a 12 mil barris por dia (bpd), mas a previsão é de que esse número aumente significativamente nos próximos anos.
A CCRC planeja desenvolver até 500 poços e aumentar a produção para 60 mil bpd até 2026. O petróleo produzido será uma mistura de petróleo leve e pesado, com o petróleo leve destinado à estatal venezuelana PDVSA e o petróleo mais pesado sendo exportado para a China. O executivo da CCRC destacou que as sanções dos Estados Unidos ao setor petrolífero venezuelano criaram uma janela de oportunidade para pequenas empresas, como a Concord, já que grandes players internacionais hesitam em operar no país.
A petrolífera PDVSA estabilizou sua produção em torno de um milhão de barris por dia, em grande parte devido às licenças especiais concedidas pelos Estados Unidos, que permitem que alguns parceiros estrangeiros operem no país e exportem petróleo.