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Cinco razões para ficar otimista com a Renner — mesmo após alta recente das ações

Em meio à rápida disrupção do varejo de moda, o balanço do primeiro trimestre mostrou adaptação, com estratégia mais afinada em preços e eficiência, afirma o BTG; banco elevou preço-alvo para os papéis

Renner: companhia foi uma das queridinhas do mercado no varejo, mas o papel caiu 20% no último ano em meio à pressão das margens (Vini Dalla Rosa/Divulgação)

Renner: companhia foi uma das queridinhas do mercado no varejo, mas o papel caiu 20% no último ano em meio à pressão das margens (Vini Dalla Rosa/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 14 de maio de 2025 às 13h20.

Última atualização em 14 de maio de 2025 às 15h53.

O ceticismo com a capacidade da Renner (LREN3) de voltar a entregar crescimento começou a ficar para trás com os resultados do primeiro trimestre.

Por anos, a companhia foi uma das queridinhas do mercado no varejo, mas o papel caiu 20% no último ano em meio à pressão das margens.

Agora, após subir 29% nos últimos três meses, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) vê os papéis ainda num bom momento, com bom espaço para valorização. O banco elevou preço-alvo da ação de R$ 16 para R$ 20 no fim deste ano, um retorno potencial total de 22,7%, considerando dividendos.

Além dos bons fundamentos, a resiliência da companhia é ainda mais notável quando se leva em conta o cenário estrutural em que está inserida. “A Renner indiscutivelmente opera em um setor que passou por uma das disrupções mais rápidas entre os que cobrimos”, escreveram os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, do BTG.

Essa transformação é impulsionada por mudanças profundas no comportamento do consumidor, crescimento do e-commerce, entrada agressiva de plataformas internacionais e maior concorrência no crédito ao consumo.

Para o banco, a Renner tem conseguido se adaptar com agilidade. O otimismo dos analistas está ancorado em cinco pilares que sustentam a retomada de momento da varejista:

1. Política de preços mais equilibrada

A Renner conseguiu reduzir a diferença de preços em relação a rivais como Shein, mesmo mantendo coleções mais atualizadas. No primeiro trimestre, o crescimento de receita veio com aumento do volume de transações, tíquete médio e menor dependência de descontos. Segundo o BTG, a companhia demonstrou maior equilíbrio entre preço e percepção de valor, com coleções mais frescas e maior giro de estoque.

2. Menos liquidações, mais margem

A margem bruta do varejo atingiu o melhor nível em dez anos, impulsionada por um portfólio mais assertivo e queda nas remarcações. Marcas como Youcom e Camicado também ganharam margem com maior penetração de marcas próprias.

Apesar da volatilidade cambial, a empresa está protegida com hedge abaixo de R$ 6 até setembro, o que traz visibilidade de margem nos próximos trimestres.

3. Eficiência deve acelerar no segundo semestre

As despesas gerais (G&A) subiram no trimestre, refletindo inflação, maior volume de vendas e investimentos em sistemas. No entanto, o BTG projeta ganho de eficiência a partir do segundo semestre, à medida que uma cadeia de suprimentos mais ágil e integrada começa a entregar resultados.

4. Realize: alavanca de crescimento com cautela

O braço financeiro da companhia registrou melhora na qualidade da carteira, com queda de 4,3 pontos percentuais na inadimplência acima de 90 dias, agora em 14,1%.

A empresa mantém postura cautelosa na originação de crédito, priorizando perfis mais seguros. Segundo o BTG, a Realize deve representar 12% do EBITDA consolidado da Renner até 2028, ante 7% atualmente.

5. Expansão seletiva e avanço digital como motor de margem

A Renner prevê a abertura de 25 a 35 lojas em 2025, com foco em localidades estratégicas e aceleração de reformas em unidades antigas.

O canal digital, que representa 70% das vendas online via aplicativo, tem se mostrado uma alavanca de rentabilidade, não mais um peso nas margens como no passado. A integração entre online e offline tem melhorado a disponibilidade de produtos e os prazos de entrega. A operação na Argentina, por sua vez, voltou a contribuir positivamente.

Valuation: ainda há espaço para subir

Com base nos resultados acima do esperado no primeiro trimestre e nas perspectivas positivas para o segundo trimestre — que terá uma base de comparação mais fraca — o BTG atualizou suas projeções de lucro e EBITDA para os próximos quatro anos, com revisões de 7% e 5%, respectivamente.

Mesmo com múltiplos menos atraentes que os históricos, os analistas veem um “combo interessante” na ação: dividend yield projetado de 4% e crescimento médio de 16% ao ano no lucro entre 2024 e 2029. Atualmente, a LREN3 é negociada a 12,5 vezes o lucro estimado para 2025 e a 11 vezes para 2026.

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