Citi estima lucro líquido no ano que vem melhor que o consenso (Leandro Fonseca)
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 12h11.
O banco americano Citi foi na contramão do mercado e elevou a recomendação para ações do Banco do Brasil (BBAS3). O "upgrade" vem na esteira da medida provisória que libera R$ 12 bilhões para serem usados na amortização e liquidação de dívidas de produtores rurais afetados por eventos climáticos entre 2020 e 2025. Os agricultores que aderirem ao programa do governo vão poder receber crédito presumido para fins tributários.
A inadimplência do agro foi a principal responsável pela queda de 60% no lucro da instituição no segundo trimestre de 2025. No período, a carteira de crédito do agronegócio totalizava R$ 365 bilhões, com cerca de 7% desse valor classificados no risco mais alto de inadimplência.
Na avaliação do analista Gustavo Schroden, o BB pode até não conseguir reverter as provisões de clientes que aderirem ao programa, já que o perfil de risco deles não se altera — e as novas regras contábeis para provisões em bancos não mudaram.
"No entanto, o banco melhora sua base de capital de acordo com empréstimos rurais que forem negociados dentro do escopo do programa", escreveu em relatório.
Assim, o Citi passou a recomendação de BBAS3 de "neutra" para "compra". O preço-alvo também foi elevado, de R$ 22 para R$ 29.
Com a nova recomendação, o Citi refez estimativas para 2026 e prevê lucro líquido do Banco do Brasil para o ano que vem de R$ 29,3 bilhões, 9% acima do consenso de mercado. Já o retorno sobre o patrimônio (ROE), a estimativa é de 14% - no segundo trimestre de 2025, o ROE foi de 8,4%, o menor desde 2016.
O Citi aponta dois riscos à sua tese de melhora de performance do banco em 2026. Um é a baixa aderência pelos clientes do programa de amortização de dívida. O outro, é o potencial risco de empréstimos do BB para o importante segmento de pequena e média empresa (cerca de 11% do total), que tem sofrido com a elevada taxa de juros.
No resultado do terceiro trimestre do ano, o Citi, no entanto, calcula que o Banco do Brasil deve chegar ao fundo do poço em lucratividade. A previsão é de lucro líquido de R$ 3,5 bilhões – no segundo trimestre o lucro líquido foi de R$ 3,7 bilhões.
Além disso, o Citi espera que o período seja também pior em termos de provisões, chegando a R$ 16,4 bilhões contra R$ 15,9 bilhões do segundo trimestre do ano.