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Aos 94 anos, Warren Buffett anuncia aposentadoria e brinca sobre sucessão

Oráculo de Omaha afirmou no fim da conferência que passará o comando a Greg Abel até o fim deste ano

Buffett: "Eu não faria nada tão nobre como reter investimentos só para que Greg pudesse parecer bem depois", brincou (Ankit Agrawal/Mint/Getty Images)

Buffett: "Eu não faria nada tão nobre como reter investimentos só para que Greg pudesse parecer bem depois", brincou (Ankit Agrawal/Mint/Getty Images)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 3 de maio de 2025 às 12h21.

Última atualização em 3 de maio de 2025 às 16h26.

*Reportagem atualizada às 15h10 para incluir que Warren Buffett anunciou data para saída do cargo de CEO da Berkshire Hathaway

Aos 94 anos, o oráculo de Omaha, Warren Buffett, não deixa de brincar sobre a sucessão da liderança da Berkshire Hathaway, holding que o megainvestidor comanda há cerca de seis décadas -- período que será concluído no fim deste ano, quando Greg Abel assumirá o posto.

Em 2021, ele deu a pista de que o escolhido para sucedê-lo era o canadense Greg Abel, à frente do negócio de energia da Berkshire, mas o tema ganhou destaque na edição de 2025 da tradicional conferência anual de acionistas, que aconteceu neste sábado, 3, em Omaha, em Nebraska (EUA). O mega investidor foi recebido sob muitos aplausos e gritos no CHI Health Center, que comporta 40.000 pessoas.

Ao anunciar a data de sua aposentadoria no fim das quatro horas de conferência, investidores se levantaram e aplaudiram Buffett por minutos.

Ao ser questionado sobre a sucessão e também sobre a liquidez da Berkshire, cujo caixa bateu recorde no primeiro trimestre deste ano, Buffett não deixou de fazer uma piada sobre sua própria decisão de manter o caixa da empresa intacto até que Abel tenha a oportunidade de realizar grandes movimentos estratégicos.

"Eu não faria nada tão nobre como reter investimentos só para que Greg pudesse parecer bem depois," brincou Buffett, provocando risos na plateia e destacando, ao mesmo tempo, o quão importante é garantir que o momento certo para a alocação de capital seja tomado com calma e precisão.

A piada também reforçou a continuidade do plano de sucessão da gigante de investimentos, com Abel sendo preparado para assumir a liderança.

"Eu ainda estarei por perto e serei útil em alguns casos, mas a palavra final será dada por Greg em qualquer assunto. Greg não sabia disto até agora. Ele será o CEO e ponto", afirmou no fim da conferência.

O caixa recorde da Berkshire Hathaway tem gerado especulações sobre o que Buffett e sua equipe farão com esses recursos nos próximos anos. O próprio Buffett reconheceu que, por mais que as oportunidades de investimento surjam com o tempo, elas não costumam aparecer de forma "ordenada".

"É muito improvável que aconteça amanhã," disse Buffett, se referindo à alocação do caixa. "Não é improvável que aconteça em cinco anos." Além de ter o controle de diversas companhias de energia, indústria e varejo, a A Berkshire mantém participações na Coca-Cola, a Apple e a American Express.

Ao longo de sua trajetória, Buffett se destacou pela paciência e pela habilidade em identificar bons investimentos no momento certo, o que ele mesmo define como algo "tipo a morte", referindo-se à probabilidade de encontrar boas oportunidades de compra.

"As probabilidades aumentam conforme o tempo passa," afirmou o investidor, ilustrando sua visão de que a paciência no mercado é, muitas vezes, recompensada.

Esse foco em um horizonte de longo prazo também se reflete na maneira como a Berkshire Hathaway tem conduzido sua sucessão. Desde que nomeou Greg Abel como futuro CEO, Buffett indicava que não tinha pressa em realizar a transição. A liderança de Abel, com mais de 20 anos de experiência na empresa, será marcada por decisões estratégicas que irão moldar o futuro da Berkshire.

Mesmo com um caixa robusto e a pressão para investir, a postura conservadora de Buffett se mantém. "A única questão que é muito, muito, muito oportunística, concentrada o suficiente, preferiríamos ter condições que se desenvolvessem onde entraríamos em algo assim com muito dinheiro, não querendo estar totalmente investido o tempo todo," explicou Buffett.

Sem mudanças de tese

Questionado sobre como deve ser o comportamento da Berkshire sem Buffett, Abel disse que isso começaria com a manutenção da reputação da companhia e de um “balanço patrimonial forte”, que não apenas lhe dá a capacidade de fazer grandes investimentos, mas também a protege e a impede de depender de um banco ou de outras empresas.

“A alocação de capital será absolutamente crítica, mas ela vem com a gestão do risco”, disse Abel.

Outras coisas que permaneceriam iguais: As empresas operariam de forma autônoma, com a Berkshire decidindo quando investir mais capital ou retirar algum. E a Berkshire ainda procuraria adquirir empresas inteiras, mas também estaria aberta a comprar ações públicas de empresas.

“Realmente, é a filosofia de investimento e como Warren e a equipe alocaram capital nos últimos 60 anos, e isso não vai mudar”, disse Abel.

Balanço da Berkshire no 1 º trimestre

O lucro operacional da Berkshire Hathaway caiu 14% no primeiro trimestre, para US$ 9,6 bilhões, impactado pela redução dos lucros com subscrição de seguros e perdas cambiais relacionadas à dívida da empresa em moedas fora do dólar.

No entanto, os saldos em caixa continuaram a crescer, alcançando aproximadamente US$ 348 bilhões, comparado a US$ 334 bilhões no final de 2024.

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