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Com mudança na composição acionária, Azul (AZUL4) anima mercado com EBITDA recorde

Para fortalecer sua estrutura financeira e reduzir seu endividamento, a Azul aprovou um aumento de capital de até R$ 3,3 bilhões

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 17h14.

A Azul (AZUL4) chamou a atenção do mercado ao registrar um EBITDA recorde de R$ 6,0 bilhões em 2024, um avanço de 16,4% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, o indicador atingiu R$1,95 bilhão, um aumento de 33% na comparação anual e alcançando uma margem EBITDA de 35,2%, uma das mais elevadas do setor global.

Apesar do excelente desempenho operacional, a companhia fechou o ano com um prejuízo líquido de R$ 8,23 bilhões, sendo R$ 3,95 bilhões somente no quarto trimestre. O resultado foi impactado, principalmente, pela desvalorização do real frente ao dólar.

O CFO Alex Malfitani destacou que a volatilidade cambial interfere no lucro líquido, mas a forte geração de caixa e a melhoria na margem operacional reforçam a solidez da Azul. A reação do mercado foi positiva, com as ações da empresa liderando as altas do Ibovespa. O papel chegou a subir mais de 5% no pregão desta segunda-feira.

No último trimestre de 2024, a Azul também registrou um recorde na receita operacional, que chegou a R$ 5,5 bilhões, um crescimento de 10,2% em relação ao ano anterior. A margem operacional subiu para 22,3%, refletindo um controle rigoroso de custos. O CASK (custo por assento-quilômetro oferecido) caiu 6,5% no trimestre, impulsionado pela redução de 17% nos preços dos combustíveis e iniciativas de eficiência operacional.

Aumento de capital e mudanças na estrutura acionária

Para fortalecer sua estrutura financeira e reduzir seu endividamento, a Azul aprovou um aumento de capital de até R$3,3 bilhões, com emissão de novas ações. Com a conversão de parte da dívida em equity, a companhia passará a ter uma base acionária mais pulverizada, o que diminuirá a participação de David Neeleman para cerca de 4%. Apesar disso, ele seguirá no conselho, contribuindo com sua experiência no setor.

A Azul também eliminou as classes diferenciadas de ações e adotou o modelo de "uma ação, um voto", alinhando-se às melhores práticas de governança corporativa. Além disso, o conselho de administração passará de 13 para 9 membros, incluindo dois representantes dos bondholders.

Fusão com a Gol

A possível fusão entre Azul e Gol continua no radar do mercado, embora a Azul esteja focada, neste momento, em consolidar sua recuperação financeira. A companhia já realizou reuniões preliminares com o Cade e acredita que a integração pode gerar sinergias operacionais e financeiras relevantes. No entanto, John Rodgerson enfatizou que, por ora, a Azul está concentrada em 2025 e que qualquer discussão sobre fusão ocorrerá no momento certo.

Eficiência Operacional: custos, malha aérea e frota

Com uma estratégia de "zero tolerância para perder dinheiro", a Azul vem ajustando sua malha aérea para garantir rentabilidade. Algumas rotas deficitárias foram encerradas, enquanto outras, mais lucrativas, foram reforçadas. Ainda assim, a companhia segue operando em mais destinos do que seus principais concorrentes.

A renovação da frota também segue como prioridade. No entanto, a empresa enfrenta desafios devido a atrasos nas entregas de novas aeronaves da Embraer, com algumas unidades previstas para 2024 sendo postergadas para 2025. Atualmente, a Azul opera 181 aeronaves, com 83% da sua capacidade proveniente de modelos de nova geração, que oferecem maior eficiência no consumo de combustível.

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