Embraer: alíquota final ainda não é definida (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 5 de junho de 2025 às 13h44.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 13h58.
As ações da Embraer recuam nesta quinta-feira, 5, em reação ao adiamento da entrega de duas aeronaves E175 para a Horizon Air, companhia regional da americana Alaska Airlines.
Os papéis da fabricante brasileira chegaram a cair 1,76% ainda na primeira hora do pregão, mas se recuperavam perto das 13h, anulando parte das perdas e recuando 0,65%. O Ibovespa avançava 0,08% há pouco.
O adiamento da entrega é um reflexo das tarifas do governo Trump, anunciadas em 2 de abril. De acordo com a Alaska Airlines, a decisão é uma medida de proteção ao aumento de custos gerado pela política comercial e vai afetar a oferta de voos da Horizon no verão americano, período de alta temporada para o setor de turismo.
Sem as novas aeronaves, a Alaska afirmou que precisará cancelar 14 voos por dia até o final de julho. A Horizon opera todos os seus voos com jatos Embraer.
"Lamentamos profundamente o impacto que essa situação terá sobre nossos passageiros neste verão", disse a companhia em nota enviada à CBS News.
A produção brasileira recebeu uma alíquota de 10% pelo governo dos EUA. Esse percentual, no entanto, não necessariamente é a alíquota total a ser aplicada sobre as aeronaves da Embraer.
Embora os jatos comerciais sejam produzidos na planta de São José dos Campos, no interior de São Paulo, os aviões têm um conteúdo americano importante, o que tende a reduzir a alíquota final. A companhia não tem, ainda um cálculo de quanto seria esse percentual, mas as estimativas indicam algo em torno de metade da alíquota proposta pelo governo americano.
Nesta semana, em sua 81ª assembleia anual realizada em Nova Délhi, na Índia, a associação que representa o setor de transporte aéreo, a Iata, foi vocal sobre suas preocupações acerca dos efeitos da disputa comercial. A Iata diz que ainda não observa repasse de preços pelos fabricantes, mas que há esse temor entre as companhias aéreas.
"Nossa posição desejada seria que os aviões e motores de aeronaves fossem excluídos dos regimes tarifários e que retornássemos ao acordo de 1979, em que eram isentos. É uma cadeia de suprimentos global, que funciona muito bem. Acho que começar a desfazê-la aplicando tarifas vai tornar tudo muito complexo", disse Willie Walsh, diretor geral da Iata em coletiva a jornalistas.
A administração Trump também está propondo uma investigação sobre se a importação de peças de aeronaves, motores e aeronaves para os Estados Unidos representa uma ameaça à segurança nacional, o que imporia tarifas adicionais a esses produtos. A Iata submeteu comentários ao governo americano nesta semana.
"Esperamos que a administração Trump reconheça que isso não apenas vai interromper a aviação internacional, mas é míope, dado o fato de que os EUA são os maiores exportadores desses produtos no mundo. E certamente, esperamos, ou possivelmente esperamos, que haja retaliação se a administração Trump seguir adiante com isso. Então, estamos esperançosos de que a investigação conclua que isso não representa uma ameaça à segurança nacional e que seja resolvido", disse Doug Lavin, executivo da Iata responsável pela região da América do Norte.