Posto da ExxonMobil: BDRs da companhia já subiram mais de 30% neste ano com a alta do petróleo e mudanças na gestão (Luke Sharrett/Bloomberg)
Redatora
Publicado em 20 de setembro de 2025 às 06h41.
O presidente-executivo da ExxonMobil, Darren Woods, afirmou que a empresa não tem planos de retomar operações na Rússia. De acordo com informações do Financial Times, para ele, as conversas em andamento com autoridades de Moscou tratam exclusivamente da recuperação de US$ 4,6 bilhões em ativos expropriados pelo governo russo.
As negociações começaram no início de 2023, pouco depois da Exxon abrir um processo de arbitragem contra o governo de Vladimir Putin. Meses antes, Moscou havia assumido o controle da participação de 30% da empresa no projeto de petróleo Sakhalin-1, no extremo leste da Rússia.
Em agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discutiu em uma cúpula no Alasca com Putin a possibilidade de aprofundar laços econômicos, mas não houve avanços no processo de paz na Ucrânia. Washington sinalizou que poderia endurecer sanções caso aliados da OTAN continuassem comprando petróleo e gás russos.
Apesar disso, o Kremlin continua a sugerir que a Exxon poderia retornar ao país. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, disse que há negociações com autoridades norte-americanas envolvendo investimentos em energia, incluindo Sakhalin-1.
De acordo com o FT, executivos da Exxon conversaram sobre uma possível volta ao projeto após Putin flexibilizar o decreto que 'congelou' a participação da companhia.
Analistas, no entanto, destacam que as grandes petrolíferas ocidentais permanecem cautelosas diante das perdas bilionárias acumuladas no mercado russo.
Um ponto criticado é uma diligência de sustentabilidade empresarial da União Europeia. A regra prevê que empresas com faturamento significativo no bloco garantam cadeias de suprimentos sem impactos ambientais ou violações de direitos humanos, sob risco de multas de até 5% do faturamento global.
A medida poderia levar a Exxon a reduzir investimentos e acelerar sua saída da Europa, onde mantém cerca de 12 mil empregados.
“Consideramos isso insustentável”, disse Woods ao FT. “Essa legislação pode tornar impossível manter nossas operações no continente", acrescentou o executivo.