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Como a Nvidia influencia a economia global após atingir US$ 5 trilhões

Companhia anunciou acordos com a Nokia, Samsung e Hyundai, e a previsão é de que sua receita alcance US$ 285 bilhões no próximo ano fiscal

Nvidia: Jensen, CEO da companhia, faz parte do grupo das dez pessoas mais ricas do mundo (I-HWA CHENG / Colaborador/Getty Images)

Nvidia: Jensen, CEO da companhia, faz parte do grupo das dez pessoas mais ricas do mundo (I-HWA CHENG / Colaborador/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 3 de novembro de 2025 às 10h46.

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A Nvidia fez história na semana passada ao se tornar a primeira empresa a atingir um valor de mercado de US$ 5,1 trilhões. Essa conquista, porém, representa apenas uma das formas pelas quais ela vem influenciando a economia global.

A fabricante de chips, posicionada no centro da revolução da inteligência artificial (IA), não é apenas de longe a maior companhia do planeta, como pode ser considerada a ação mais influente da história de Wall Street. Desde o início de 2023, a Nvidia tem sido a principal propulsora dos ganhos de mercado, proporcionando retornos expressivos aos acionistas e gerando ganhos bilionários para o CEO Jensen Huang. Atualmente, seu valor de mercado supera o de seis dos 11 setores do índice S&P 500 e o de grande parte dos mercados de ações mundiais.

Este é obviamente um caso excepcional em uma perspectiva histórica, algo realmente memorável”, afirmou Matt Miskin, co‑estrategista‑chefe de investimentos da Manulife John Hancock Investments, em entrevista à Bloomberg.

Na semana passada, a Nvidia anunciou acordos com Nokia, Samsung e Hyundai. Ainda que a empresa só divulgue seus resultados financeiros em meados de novembro, os balanços recentes de gigantes da tecnologia evidenciam o quanto ela ainda pode crescer.

Possível bolha no mercado?

Microsoft, Meta e Amazon prometem continuar investindo de forma expressiva em IA: estima‑se que o investimento dessas quatro empresas suba cerca de  34 %, para aproximadamente US$ 440 bilhões nos próximos 12 meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. Esse patamar elevado de investimentos justifica as estimativas de que a receita da Nvidia alcance US$ 285 bilhões no próximo ano fiscal — frente a US$ 11 bilhões em 2020.

Tudo isso ajuda a explicar por que há tanto debate em torno de uma possível bolha no mercado de ações em torno da IA, com a Nvidia no epicentro. Huang minimizou as preocupações sobre euforia excessiva durante a conferência anual GTC (GPU Technology Conference) realizada pela empresa. O presidente da Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, também descartou comparações com a era da bolha da internet no final dos anos 1990.

“Misturar tendências como essa chega a um ponto crítico e se reverte, e esperamos que isso aconteça eventualmente”, disse Miskin. “Por enquanto, no entanto, as empresas no epicentro da corrida da IA estão apresentando os melhores resultados em termos de lucros, e isso precisaria mudar para que a liderança mudasse. Ainda assim, parece que o S&P 500 está colocando muitos ovos na mesma cesta.

Os gráficos recentes mostram a ascensão da Nvidia ao patamar de US$ 5 trilhões de valor de mercado e demonstram sua importância para o mercado acionário: como a maior empresa do mundo, ela naturalmente tem o maior peso nos principais índices, que são baseados em capitalização de mercado. As ações da Nvidia representam aproximadamente 8,5 % do S&P 500, mais do que as 240 empresas de menor capitalização juntas. Esse percentual provavelmente constitui um recorde para qualquer componente, segundo análises da agência de classificação de risco Standard & Poor’s.

Mais valiosa que várias nações

A Nvidia não é apenas a empresa mais valiosa do mundo — a Apple ocupa o segundo lugar, com cerca de US$ 1 trilhão a menos — como também ultrapassa o valor combinado das bolsas de valores da Holanda, Espanha, Emirados Árabes Unidos e Itália, segundo dados da Bloomberg.

A companhia, sediada em Santa Clara, Califórnia, já vale mais do que todas as bolsas de valores do mundo, exceto aquelas de EUA, China, Japão, Hong Kong e Índia.

Quase todos os analistas de Wall Street chegam à conclusão de que as ações da Nvidia valem a compra — cerca de 91 % deles recomendam a companhia. Há consenso de que a elevação dos papéis tem fôlego. O analista Frank Lee, do HSBC Holdings, elevou recentemente sua meta de preço a US$ 230 — o mais alto entre as estimativas de mercado, o que implicaria uma capitalização próxima de US$ 8 trilhões. Entretanto, há exceções: o analista Jay Goldberg, da Seaport Global Securities, mantém recomendação de venda desde abril, com meta de preço de US$ 100 — a menor do mercado — mesmo após as ações mais que dobrarem de valor no período.

À medida que as empresas se expandem, a taxa de crescimento de suas vendas tende a cair, pois a base comparativa fica maior. A média anual de crescimento da receita para empresas do S&P 500 com vendas acima de US$ 100 bilhões é de cerca de 6 %. A Nvidia, por sua vez, projeta crescimento de quase 60 % no seu ano fiscal. Embora esse ritmo seja inferior aos 126 % e 114 % registrados nos dois anos anteriores, ainda supera a Microsoft e a Apple — que projetam crescimento anual de receita de 15 % e 6,2 %, respectivamente.

A recompensa de Huang

O patrimônio líquido de Jensen Huang aumentou consideravelmente com a valorização das ações da empresa, atingindo cerca de US$ 176 bilhões, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg.

O valor representa um aumento de mais de US$ 60 bilhões apenas neste ano, colocando‑o entre as dez pessoas mais ricas do mundo. Huang detém aproximadamente 3,5 % da empresa, em seu próprio nome, e também por meio de fundos fiduciários familiares.

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