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Como a queda do petróleo pode impactar o plano de investimentos da Petrobras

Plano de investimento da estatal até 2030 previa barril do Brent na casa dos US$ 80 — cotação atual está quase US$ 20 abaixo disso

Queda do preço do petróleo também reduz chance de dividendo extraordinário (Agência Petrobras/Divulgação)

Queda do preço do petróleo também reduz chance de dividendo extraordinário (Agência Petrobras/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 06h00.

Diante do novo patamar de preços do petróleo, a Petrobras (PETR4) tem o desafio de sustentar seu plano de investimentos para os próximos anos. A estatal havia projetado o barril do Brent em torno de US$ 80 em seu planejamento estratégico, mas a commodity agora é negociada perto de US$ 60, o que pressiona receitas e pode exigir ajustes no cronograma de projetos.

Na avaliação de analistas, a empresa tem duas opções para o novo plano de negócios de 2026-2030: assumir mais endividamento ou cortar investimentos e adiar projetos. No entanto, por se tratar de ano eleitoral, a hipótese de reduzir o capex deve tende a perder força dentro da estatal. O mais provável é que parte dos projetos seja apenas postergadp, em vez de cancelada.

Com os preços do petróleo em baixa, a administração da companhia é desafiada a reduzir custos e até mesmo considerar um teto maior para sua dívida bruta, hoje estabelecida em R$ 75 bilhões. Em maio, quando o barril da commodity estava próximo de US$ 65, o diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou que, antes de considerar cortes nos investimentos, a estatal pretende focar em reduzir despesas, simplificar projetos em andamento e priorizar iniciativas capazes de gerar fluxo de caixa positivo em prazos mais curtos.

O que derrubou a cotação do petróleo?

Uma combinação de demanda mais fraca nos Estados Unidos, diminuição dos riscos geopolíticos (como o acordo de cessar-fogo entre Irã e Israel), efeitos negativos de disputas comerciais e uma sobreoferta no mercado global levou à derrocada dos preços petróleo no mercado internacional.

Desde abril, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e alidados (Opep+) já ampliou suas cotas de produção em mais de 2,5 milhões de barris diários, cerca de 2,4% da demanda global. Além disso, entrará em vigor em novembro um novo aumento de produção de  137 mil barris por dia, ampliando ainda mais a oferta da commodity.

Qual é a perspectiva para os preços do barril do petróleo?

O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME) prevê o barril entre US$ 55 e US$ 60 por barril. Segundo o banco, essa convicção decorre de duas dinâmicas recorrentes sempre que o Brent cai abaixo de US$ 60 por barril: a recomposição de reservas pela China e pelos Estados Unidos e a disposição histórica da Opep em intervir com cortes de produção.

E se a Petrobras aumentar o teto de sua dívida?

A ampliação desse limite daria maior flexibilidade financeira à estatal, permitindo manter investimentos estratégicos sem comprometer sua solidez, afirmam analistas.

Com isso, o novo plano tende a reforçar a resiliência operacional e financeira da companhia, criando espaço para enfrentar períodos de volatilidade e sustentar a geração de valor aos acionistas.

Qual é a possibilidade de dividendos extraordinários da Petrobras?

A queda nas cotações tende a reduzir a geração de caixa da Petrobras, especialmente em um momento de expansão de investimentos e custos mais altos com importação de derivados.

Com margens comprimidas, a estatal pode adotar uma política de dividendos mais conservadora,  priorizando a execução do plano de negócios e a manutenção do endividamento sob controle. Ainda assim, analistas avaliam que a estatal deve preservar um nível relevante de distribuição aos acionistas, sustentado pelo forte fluxo de caixa operacional acumulado nos últimos trimestres.

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