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Como as cervejarias estão lidando com os novos hábitos de consumo na China

Setor ainda sente impactos dos tempos da pandemia e tenta se adaptar ao poder aquisitivo do consumidor de agora

Empresas vão passar a investir mais em bebidas menos sofisticadas no mercado chinês (Gabriela Brazão/Divulgação)

Empresas vão passar a investir mais em bebidas menos sofisticadas no mercado chinês (Gabriela Brazão/Divulgação)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 21 de março de 2025 às 01h00.

Cinco anos se passaram da pandemia e a China ainda não se recuperou totalmente desse baque. O setor de bares e restaurantes sente os ecos da covid-19. Os hábitos dos consumidores mudaram desde a crise sanitária.

Segundo reportagem da Bloomberg, a desaceleração no consumo de cerveja na China é a "tempestade perfeita" para as gigantes do ramo, já que o mercado nos EUA e Europa também se encontra em retração. São clientes cada vez mais preocupados com a saúde e que estão bebendo menos. Ou optam por rótulos mais baratos ou preferem ficar em casa. Tudo isso está levando a mudanças de planos para o mercado chinês.

Carlsberg, Heineken e Budweiser, por exemplo, têm apostado em cerveja de ponta há anos depois que o volume de mercado atingiu o pico na China em 2013. O chamado impulso por produtos premium fez com que as empresas comercializassem bebidas por até 18 yuans (US$ 2,50) a garrafa. Em contraste, as marcas nacionais mais baratas na China — como as ofertas econômicas da Snow e Harbin — custavam apenas 4 yuans.

Num sinal de mudança de rota, o CEO para a Ásia e Pacífico, Jan Craps (que está de saída do cargo), anunciou no mês passado que a empresa transferirá recursos de seu segmento super premium para o subpremium. É uma adaptação para o novo tipo de consumo no país - menos sofisticado.

Prejuízo de milhões

Segundo a Bloomberg, o novo CEO da Bud, Yanjun Cheng, terá que navegar em um mercado chinês mais fraco: o volume de vendas caiu 11,8% no ano passado, além de um prejuízo líquido de US$ 16 milhões no quarto trimestre. 

A Budweiser APAC não está sozinha em sentir o impacto. A China Resources Beer Holdings Co., a maior fabricante local de cerveja, que distribui a Heineken em seu portfólio premium, também foi atingida. O crescimento do volume de vendas de cerveja premium e da categoria logo abaixo desacelerou para um dígito em 2024 - isso depois de robustos 18,9% em 2023.

A Chongqing Brewery Co., controlada pela produtora dinamarquesa Carlsberg, registrou uma queda de 1% na receita anual de cerveja premium nos primeiros nove meses do ano passado. A Tsingtao também relatou um declínio no volume de vendas de seus produtos de preço médio e alto no primeiro semestre de 2024, em comparação com o crescimento de 15% no mesmo período do ano anterior.

Apoio à economia noturna

O governo da China vem tentando convencer as pessoas a consumirem mais. Em um plano de ação especial publicado neste mês, os formuladores de políticas prometeram apoiar a economia dos bares e restaurantes com medidas, incluindo melhor infraestrutura de transporte. Embora haja alguns sinais de melhora, o mercado imobiliário em queda, um pilar importante para o PIB local e que consumiu a riqueza das famílias, impediu uma recuperação maior.

Na parte de alimentação, não só as cervejarias estão penando. Redes de fast-food e produtores de água engarrafada reduziram os preços em uma tentativa de atrair clientes. Mas a cerveja leva uma vantagem: mesmo nesse quadro problemático, as pessoas ainda bebem em casa, num hábito que ficou bem presente por causa da pandemia e suas restrições

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