Sucessor de Buffett: Abel está na Berkshire desde 1992 (Daniel Acker/Bloomberg/Getty Images)
Repórter de mercados
Publicado em 3 de maio de 2025 às 17h48.
Última atualização em 3 de maio de 2025 às 21h04.
Desde pelo menos 2020, a holding de investimentos já deixava pistas de quem seria o sucessor do bilionário de 94 anos. À época, Charlie Munger, então vice-presidente e braço-direito de Buffett, disse: “Greg vai manter a cultura”. Munger morreu aos 99 anos em 2023.
Greg Abel é o atual diretor de operações, o executivo tem 62 anos e vinha sendo cotado como um dos possíveis sucessores de Buffett junto com o vice-presidente do grupo Ajit Jain, com 69 anos, também promovido para o cargo em 2018.
Já naquela época o próprio Buffett confirmou seu favoritismo pelo Abel. Em entrevista à CNBC comentou: “Os diretores concordam que, se algo acontecesse comigo esta noite, seria Greg quem assumiria amanhã de manhã”.
A idade de Abel foi um dos fatores chaves para ser o escolhido a indicação para o conselho: “Ambos são maravilhosos. [Mas] a probabilidade de alguém ter uma estrada de 20 anos faz uma grande diferença”, disse.
O canadense formado em contabilidade pela Universidade de Alberta, Greg Abel iniciou sua trajetória na Berkshire por meio da holding de energia do grupo, a Berkshire Hathaway Energy. Na empresa desde 1992, ele entrou para o conselho de administração em 2000 e assumiu a presidência em 2008, permanecendo por uma década no posto. Abel foi nomeado vice-presidente da Berkshire Hathaway em 2018.
Durante o tempo em que esteve à frente da Berkshire Hathaway Energy seu trabalho foi conhecido por reinvestir os lucros na compra de outras empresas do setor, como a NV Energy e a AltaLink.
Uma vez na Berkshire, Abel reconstruiu a MidAmerican e a transformou na Berkshire Hathaway Energy, a maior produtora de energia eólica do país. As operações de serviços públicos da Berkshire agora geram bilhões em receita anual.
Atualmente, Abel é responsável por supervisionar grandes operações da Berkshire Hathaway que não incluem a área de seguros - frente que é tocada por Ajit Jain. Abel também representa o conglomerado em algumas das empresas em que o grupo tem posição relevante, fazendo parte, inclusive, do corpo diretivo da Kraft Heinz.
Caso assuma a holding, Abel será responsável por toda a eclética gama de negócios da Berkshire, com seus quase 400.000 funcionários e o enorme portfólio de ações do conglomerado.
Ron Olson, membro do conselho da Berkshire, expressou otimismo em relação a Greg Abel assumir como CEO.
"Greg está pronto. Não tenho nenhuma dúvida sobre isso. Sabemos disso há muito tempo. Estou muito ansioso para ver Warren se tornar o Charlie Munger de Greg Abel”, disse Olson em entrevista a CNBC.
Abel disse que a primeira mudança na companhia seria a manutenção da reputação e de um “balanço patrimonial forte”, para aumentar a capacidade de fazer grandes investimentos, mas também a protege e a impede de depender de um banco ou de outras empresas.
“A alocação de capital será absolutamente crítica, mas ela vem com a gestão do risco”, afirmou Abel.
As empresas devem permanecer com operações autônomas, com a Berkshire decidindo quando investir mais capital ou retirar algum. Além disso, a Berkshire ainda procuraria adquirir empresas inteiras, mas também estaria aberta a comprar ações públicas de empresas.
“Realmente, é a filosofia de investimento e como Warren e a equipe alocaram capital nos últimos 60 anos, e isso não vai mudar”, disse Abel.
*Com Reuters