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Copel: os prós e contras da elétrica que está brilhando nas carteiras das corretoras

Com a entrada no Novo Mercado e a revisão da política de dividendos, a paranaense se firma como uma das principais apostas dos grandes bancos

No trimestre anterior, a Copel teve lucro líquido de R$ 577 milhões, representando um aumento de 6% em relação ao ano anterior (Getty Images)

No trimestre anterior, a Copel teve lucro líquido de R$ 577 milhões, representando um aumento de 6% em relação ao ano anterior (Getty Images)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 7 de julho de 2025 às 14h59.

A paranaense Copel (CPLE6) vive um bom momento na Bolsa. As ações da companhia de energia subiram quase 35% este ano e os papéis estão nas carteiras recomendadas das principais casas de análise. O que explica a preferência da elétrica e faz dela uma queridinha no setor?

A companhia segue no portfólio do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), Itaú e Bradesco, e recentemente também foi incluída na seleção do Santander. Analistas apontam diversos motivos para apostar na Companhia Paranaense de Energia, mas é a entrada no Novo Mercado da B3 e a revisão na política de dividendos que dão a "energia" necessária para fortalecer as apostas dos bancos.

O Santander, por exemplo, destaca que a Copel apresenta um valuation (avaliação de preço da ação) razoável, com uma TIR real (Taxa Interna de Retorno) de 10,1% e um EV/RAB (valor da empresa em relação ao ativo regulatório) de 1,66 vezes para 2025. A combinação de um bom preço e perfil de baixo risco coloca a companhia como uma opção interessante, especialmente considerando que o sucesso da privatização da empresa ainda não está completamente precificado no mercado, dizem os analistas.

No primeiro trimestre deste ano, a Copel teve lucro líquido de R$ 577 milhões, representando um aumento de 6% em relação ao ano anterior, e EBITDA de R$ 1,5 bilhão, superando as expectativas do mercado.

Além disso, a alavancagem da Copel segue sob controle, com um índice de dívida líquida/EBITDA de 2,3 vezes e um caixa robusto, que deve permitir à companhia realizar investimentos em torno de R$ 3 bilhões em 2025, com foco em distribuição de energia. A expectativa é que esses investimentos resultem na melhoria da qualidade dos serviços e na otimização dos custos operacionais, com uma meta de redução de até 20% nas despesas até 2026, conforme afirma o o estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas. Esses fatores, aliados à entrada no Novo Mercado e mudanças na política de dividendos, tornam a Copel uma das principais escolhas para os investidores em julho.

Impacto da migração para o Novo Mercado

A migração para o Novo Mercado foi aprovada pelo conselho da Copel no dia 23 de junho e promete trazer efeitos positivos, conforme analisam os especialistas. Entre os impactos mais relevantes, destacam-se a maior liquidez das ações, com a unificação das classes de ações, e a atração de novos investidores, o que deve aumentar a base acionária da empresa. Além disso, a mudança pode facilitar a renegociação de covenants (cláusulas contratuais) com os detentores de títulos de dívida, o que potencialmente pode gerar mais dividendos no futuro.

A assembleia geral extraordinária que ocorrerá em 4 de agosto irá deliberar sobre os próximos passos desse processo, que tem previsão de ser concluído no quarto trimestre de 2025. O Goldman Sachs destaca que a combinação de dividendos crescentes nos próximos anos e uma valorização atrativa, com uma IRR real (Taxa Interna de Retorno) estimada em 10%, torna a Copel uma excelente opção para o investidor. O banco projeta um dividend yield (retorno sobre dividendos) de 7,5% para os acionistas ordinários e 13,8% para os preferenciais em 2025.

Por outro lado, a migração pode resultar em um aumento na alavancagem líquida da empresa, passando de 2,3x para 3,1x em 2025, o que, conforme avaliam os analistas do Goldman Sachs, não deve impactar significativamente a saúde financeira da companhia.

Conversão de Ações e Expectativas de Rentabilidade

O Itaú BBA também destaca a conversão de ações preferenciais (PN) em ações ordinárias (ON) do processo de migração ao Novo Mercado. Cada ação preferencial será convertida em uma ação ordinária e R$ 0,7749 em dinheiro, o que deve melhorar a liquidez e atrair investidores estrangeiros. A movimentação também cria uma nova classe de ações preferenciais resgatáveis, que deverão ser resgatadas a um valor predeterminado, representando um desembolso de aproximadamente R$ 1,3 bilhões pela Copel no quarto trimestre de 2025.

O Itaú projeta que a conversão aumentará a rentabilidade dos dividendos para os investidores, com uma previsão de retorno entre 8% e 9% ao longo deste ano. O banco também manteve sua recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 13,60 para as ações da empresa.

O BTG Pactual também segue recomendando as ações da Copel em julho, destacando a nova política de dividendos da companhia, que estabelece um payout mínimo de 75% e visa alcançar uma estrutura de capital com dívida líquida/EBITDA de 2,8x em 24 meses. Para o banco, a ação já é uma boa tese de dividendos, com um dividend yield médio de 10,2% entre 2025 e 2028. O BTG estima um potencial de valorização de 20 a 25% para as ações da Copel, caso a empresa consiga expandir seus múltiplos para níveis mais elevados.

Projetos e desafios da Copel

Entre os projetos da Copel, o destaque vai para a hidrelétrica da empresa, considerada uma das mais competitivas do setor e que deve ser um dos principais focos da companhia no final de 2025, com a realização do segundo leilão de capacidade no Brasil. A distribuidora de energia da Copel, que representa cerca de 50% do EBITDA da empresa, também passará por uma revisão tarifária periódica em 2026, o que pode gerar novas oportunidades de crescimento.

Entretanto, analistas do BTG alertam para os desafios enfrentados pela Copel no setor de energia eólica, que sofreu com uma redução no desempenho de geração. Este desafio reflete as dificuldades de equilíbrio entre oferta e demanda de energia renovável, especialmente em estados como o Paraná, onde a companhia possui uma significativa participação.

Esses fatores tornam a Copel uma opção de investimento de grande relevância para o cenário de julho, com grande potencial de crescimento e rentabilidade, apesar dos desafios que o setor energético pode enfrentar nos próximos anos.

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