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Corretoras da Argentina acumulam perdas após queda da confiança em Milei

Queda nas receitas, retração de clientes e incerteza econômica ampliam dificuldades do setor

Javier Milei, presidente da Argentina, durante pronunciamento em 15 de setembro (Presidência da Argentina/AFP)

Javier Milei, presidente da Argentina, durante pronunciamento em 15 de setembro (Presidência da Argentina/AFP)

Publicado em 19 de setembro de 2025 às 05h49.

As corretoras da Argentina estão registrando perdas expressivas diante da queda dos ativos locais, da manutenção dos controles de capital e da falta de confiança de investidores estrangeiros.

O cenário, que já vinha pressionando a atividade do mercado de capitais, se agravou em setembro, quando a Comissão Nacional de Valores (CNV) reforçou a exigência de que empresas reportem perdas superiores a 15% do patrimônio líquido, passo que pode levar a processos de recapitalização, segundo informações da Bloomberg.

Mais de dez corretoras, entre elas Aurum Valores, RIG Valores e Quant Capital, admitiram prejuízos acima desse limite. A situação abre espaço para uma consolidação do setor, que hoje conta com cerca de 280 empresas registradas — número superior ao de mercados como Brasil, México e Chile.

Mercado encolhe e receitas caem pela metade

A expectativa de que a chegada de Javier Milei à presidência em 2023 impulsionaria os fluxos de capitais não se confirmou. Quase dois anos após o início de seu mandato, a atividade permanece retraída.

As receitas de negociação, que haviam atingido níveis recordes em 2023, caíram mais de 50% em algumas empresas, segundo a Bloomberg.

Um dos fatores que mais afetaram os resultados foi a redução da diferença cambial, que diminuiu a atratividade das operações conhecidas como contado con liquidación (CCL). Com a flexibilização dos controles para pessoas físicas, o volume desse tipo de transação despencou, reduzindo margens e levando investidores a buscar dólares diretamente nos bancos.

A mudança também impactou o número de clientes ativos. Em junho de 2025, o total de contas de investimento caiu quase pela metade, para cerca de 1,9 milhão, segundo dados da CNV. Apesar disso, a quantidade de corretoras em operação se manteve estável.

A fraqueza da atividade econômica, as taxas de juros reais de dois dígitos e a recente derrota política de Milei na província de Buenos Aires ampliam a incerteza. Para empresários do setor, a demanda por crédito corporativo e novos investimentos segue limitada.

“É muito difícil convencer uma empresa a financiar expansão ou compra de maquinário quando as vendas estão em queda”, afirmou Pablo Lucero, sócio da Elyca, corretora fundada em 2022, à Bloomberg.

Analistas não esperam recuperação no curto prazo. “Não vemos melhora neste ano nem no próximo. O processo será demorado”, disse Lucero.

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