Redatora
Publicado em 14 de julho de 2025 às 07h23.
A disparada dos preços do cobre nos Estados Unidos abriu uma oportunidade rara de lucro para tradings globais, que anteciparam embarques antes da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump e agora devem faturar mais de US$ 300 milhões com arbitragem.
Desde novembro, cerca de 600 mil toneladas de cobre foram enviadas ao país, aproveitando a diferença entre os preços internacionais e americanos.
Segundo o Financial Times, empresas como Trafigura, Mercuria, Glencore e IXM compraram cobre na Bolsa de Metais de Londres (LME) e venderam nos EUA com ágio de cerca de 28% sobre o índice internacional.
O movimento foi impulsionado pelo anúncio do presidente Donald Trump na última terça-feira de que as tarifas de importação sobre o cobre chegarão a 50% a partir de 1º de agosto — o dobro do que o mercado esperava. Em poucos minutos, os preços do cobre na Comex, bolsa de commodities americana, subiram 13%.
Com os embarques acelerados desde fevereiro e a diferença de preços, o lucro estimado das quatro empresas pode chegar a US$ 312 milhões, mesmo com custos médios de US$ 500 por tonelada. A margem por tonelada pode superar os US$ 520, segundo cálculos do Financial Times com base em dados de mercado.
A Trafigura teria embarcado cerca de 200 mil toneladas para os EUA, número semelhante ao da suíça Mercuria. Já a Glencore, que também atua como produtora de cobre, movimentou entre 100 mil e 200 mil toneladas, enquanto a IXM teria enviado mais de 50 mil toneladas.
Esse movimento se soma a episódios semelhantes ocorridos neste ano com ouro e alumínio, também impactados por mudanças tarifárias do governo Trump. Para analistas, a corrida revela o poder de resposta das grandes tradings diante de distorções geopolíticas.
“Meses atrás, os traders apostaram que as tarifas viriam. Eles estavam certos — e o retorno foi espetacular”, disse Tom Price, analista da Panmure Liberum, ao Financial Times.