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Criminalidade em alta: Onda de roubos em São Paulo já pressiona margem da Raia Drogasil

Ozempic e cosméticos estão entre os maiores alvos; rede de farmácias já limita estoques e coloca produtos atrás de grades para conter as perdas

RD Saúde: ações da RD Saúde fecharam em queda de quase 15% no pregão de quarta-feira, 7, o menor nível desde setembro de 2019 (Leandro Fonseca/Exame)

RD Saúde: ações da RD Saúde fecharam em queda de quase 15% no pregão de quarta-feira, 7, o menor nível desde setembro de 2019 (Leandro Fonseca/Exame)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 8 de maio de 2025 às 10h23.

Última atualização em 8 de maio de 2025 às 10h23.

A RD Saúde, dona da rede de farmácias Raia Drogasil, registrou um aumento nas perdas por furtos e roubos em suas lojas, com destaque para o estado de São Paulo, onde o problema tem sido mais acentuado. A questão foi detalhada por Renato Raduan, presidente da companhia, durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre.

“É de fato um vale”, afirmou Raduan, ao explicar a margem bruta abaixo de 27% está nos menores patamares já registrados pela companhia. A queda foi de 0,6 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2024, para 26,6%, impactada por uma série de fatores, entre eles o aumento das perdas, que englobam furtos, roubos e produtos vencidos ou danificados.

Segundo o executivo, o avanço da criminalidade tem sido percebido em diversas regiões do país, mas foi mais significativo em São Paulo. “No Norte, Nordeste e no Sul a oscilação é marginal, mas no Sudeste — especialmente em SP — houve um incremento mais relevante. Foi acontecendo gradativamente ao longo do ano”, afirmou.

Medicamentos de alto valor, como os à base de semaglutida (Ozempic e Wegovy), além de dermocosméticos, estão entre os principais alvos.

As ações da RD Saúde fecharam em queda de quase 15% no pregão de quarta-feira, 7, o menor nível desde setembro de 2019.

Plano de ação

Para conter os impactos da criminalidade, o presidente disse que a RD Saúde adotou, no fim de 2024, um plano de ação robusto. Entre as medidas adotadas estão a limitação do estoque de produtos de alto valor, a reintrodução de barreiras físicas, como acrílicos na área de dermocosméticos, e o jateamento de embalagens com mensagens de rastreabilidade, informando que o produto só pode ser comprado na própria rede.

De acordo com Raduan, a direção da companhia não pretende aceitar essa nova realidade como normal. “Nem eu nem ninguém aqui vai dormir tranquilo achando que é normal navegar com 30 bps a mais de perda, é um dinheiro rasgado”, afirmou o executivo, referindo-se ao impacto de 0,3 ponto percentual nas margens observado em janeiro.

O cenário desafiador se soma a outros fatores que vêm pressionando os resultados da companhia, como o aumento da concorrência em categorias como beleza e higiene, a alta nas despesas com pessoal e o reajuste limitado para medicamentos autorizado neste ano (de apenas 3,7%, o menor desde 2018).

A RD reportou queda de 17% no lucro do trimestre, para R$ 177 milhões, bem abaixo dos R$ 239 milhões do consenso consolidado pela Bloomberg.

Apesar das dificuldades, a empresa sinalizou que espera retomar margens mais próximas do histórico nos próximos trimestres, com a ajuda da sazonalidade e da maturação de lojas. Mas, para o mercado, o curto prazo ainda inspira cautela, especialmente diante do valuation considerado elevado e da falta de gatilhos de crescimento visíveis à frente.

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