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Crise? Ray Dalio alerta para bolha em inteligência artificial

Dalio ponderou que, embora a formação da bolha esteja evidente, ainda não há um fator capaz de estourá-la

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 05h52.

O rápido crescimento dos investimentos em inteligência artificial está formando uma bolha no mercado, mas isso não significa que os investidores devam se apressar em vender suas ações. A avaliação é de Ray Dalio, fundador da gestora Bridgewater, em entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC.

“Não venda só porque existe uma bolha”, afirmou. Dalio explicou que, historicamente, quando o mercado entra nesse território, os retornos projetados para os dez anos seguintes tendem a ser muito baixos. Ele defendeu cautela, mas sem movimentos bruscos de redução de risco.

Contexto de mercado

As declarações ocorreram no mesmo dia em que a Nvidia registrou alta superior a 5% em suas ações após divulgar resultados e projeções acima das expectativas. O presidente da empresa, Jensen Huang, minimizou preocupações sobre excesso de otimismo, afirmando que a companhia vê “algo muito diferente” de uma bolha tradicional nos ciclos de tecnologia. 

Em 2025, o índice Nasdaq, que acompanha o desempenho das grandes empresas de tecnologia, acumula valorização de quase 17%, impulsionado pela demanda contínua por ativos ligados à inteligência artificial.

Gatilhos e recomendações

Dalio ponderou que, embora a formação da bolha esteja evidente, ainda não há um fator capaz de estourá-la. Para ele, é improvável que a taxa de juros dos Estados Unidos seja o gatilho, mas aumentos de impostos sobre riqueza poderiam desempenhar esse papel. “Estamos, sim, nesse território de bolha”, disse. “Mas o estouro ainda não chegou", disse à CNBC.

Para enfrentar esse cenário, o investidor recomenda diversificação. Entre os ativos complementares, citou o ouro, lembrando que o metal — tradicional porto seguro em momentos de incerteza — atingiu máximas históricas neste ano.

Nvidia acalma investidores

A Nvidia (NVDA) conseguiu acalmar os ânimos dos investidores nesta quinta-feira, 20, um dia depois de divulgar resultados acima do esperado por Wall Street. A companhia, atualmente avaliada em US$ 4,4 trilhões, colocou em cheque — pelo menos em partes — de que a inteligência artificial (IA) é uma bolha prestes a estourar. As ações caíram 3,1% no pregão desta quinta, mas acumulam alta de 34,5% no ano.

Com uma previsão de receita de US$ 65 bilhões para o trimestre de janeiro, cerca de US$ 3 bilhões a mais do que os analistas previam, a Nvidia afastou as preocupações sobre o futuro do setor de IA, que havia gerado incertezas nos últimos meses.

A empresa, liderada por Jensen Huang, destacou que a demanda por seus chips de IA permanece em alta, com uma crescente utilização dos aceleradores de IA (componentes caros e poderosos usados no desenvolvimento de modelos de inteligência artificial).

“Muito se tem falado sobre uma bolha da IA”, afirmou Huang em uma teleconferência com analistas. “Do nosso ponto de vista, vemos algo muito diferente.”

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