“Não vou renunciar. Continuarei a desempenhar minhas funções para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022”, afirmou Cook. (AFP)
Repórter de mercados
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 09h24.
A diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, que foi demitida pelo presidente Donald Trump, disse que não pretende renunciar o cargo e que vai continuar exercendo suas funções normalmente.
Em comunicado enviado à imprensa por meio de seu advogado, Abbe David Lowell, Cook declarou que “não há causa legal” para que o presidente a remova da função.
“Não vou renunciar. Continuarei a desempenhar minhas funções para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022”, afirmou Cook.
O advogado de Cook afirmou que as exigências de Trump precisam de um processo adequado, fundamento ou autoridade legal. "Tomaremos todas as medidas necessárias para impedir sua tentativa de ação ilegal”, enfatizou Lowell.
A recente decisão reacende o debate sobre a independência do Federal Reserve, frequentemente criticada por Trump, que já ameaçou demitir o presidente do banco, Jerome Powell, por não reduzir as taxas de juros. Em discurso recente no simpósio anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, na semana passada, Powell indicou que cortes nas taxas podem ser considerados, mas com cautela.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira,25, a demissão da dirigente em uma carta publicada em sua rede social Truth Social.
A justificativa apresentada pela equipe de Trump envolve uma acusação de fraude hipotecária contra Cook, nomeada em 2022 pelo então presidente Joe Biden. A denúncia foi feita por Bill Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, que alega que Cook teria declarado simultaneamente dois imóveis como residência principal. O Departamento de Justiça abriu investigação sobre o caso, liderada pelo procurador de indultos dos EUA, Ed Martin, segundo informações do Politico.
A medida deve levar o Federal Reserve a um cenário jurídico inédito. Caso a Justiça permita que Cook permaneça no cargo enquanto o processo se desenrola, o caso pode ser levado à Suprema Corte, segundo o New York Times. Se a demissão for validada, Trump poderá indicar um novo nome para o conselho do Fed, que tem mandatos de até 14 anos.
Atualmente, dois dos sete membros do conselho — Christopher Waller e Michelle Bowman — foram indicados por Trump. Uma terceira vaga foi aberta com a saída de Adriana Kugler, e o presidente já indicou Stephen Miran, presidente do Conselho de Assessores Econômicos, para ocupar o posto.