Desktop e Claro: empresas avançam em negociações para possível fusão (Rafe Swan/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 23 de outubro de 2025 às 12h24.
Última atualização em 23 de outubro de 2025 às 13h02.
As ações da Desktop, empresa de banda larga controlada pelo fundo de private equity americano HIG, subiam mais de 12% no início da tarde desta quinta-feira, 23, após a notícia de que as negociações sobre a venda da companhia para a Claro avançaram.
Segundo o colunista do O Globo, Lauro Jardim, Claro e HIG fizeram uma nova rodada de conversas nesta quarta-feira, 22.
Segundo a publicação, a oferta vinculante, uma proposta mais formal, deve ser assinada até semana que vem. O valor será R$ 21 por ação, bem acima dos atuais R$ 15,17 (cotação das 11h30). Isso representaria um prêmio de quase R$ 6, ou 38%, por ação.
Na avaliação do Bradesco BBI, o negócio faz sentido estratégico para a Claro, mas a avaliação parece mais alta do que esperavam. O banco estima uma avaliação de 6,6x EV/Ebitda e R$ 3,3 mil por domicílio conectado, ambos em 2025.
No começo do mês, a Desktop confirmou estar em conversas com a Claro sobre uma potencial transação, mas destacou que até o momento não havia entendimento sobre questões como o valor do negócio.
“A companhia confirma que já houve conversas preliminares não vinculantes com a Claro sobre uma potencial transação. No entanto, até o momento, não houve acordo sobre preço, estrutura e demais condições”, afirmou a Desktop em comunicado ao mercado, no último dia 8 de outubro.
Os investidores reagiram positivamente e as ações vinham acumulando alta de 40% até o dia 20 de outubro. Nessa data, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgou um relatório apontando preocupações concorrenciais por conta de uma possível aquisição da empresa pela Claro. A reação imediata foi uma queda de mais de 26% no preço da ação.
No documento, a Anatel analisou os efeitos competitivos de uma possível transação e disse que uma possível venda da Desktop para a Claro deve “levantar preocupações não desprezíveis quanto a possível agravamento de situações relacionadas a custos de mudança (switching costs) e efeito de aprisionamento (lock-in).”
Ela ainda acrescentou que um eventual negócio pelas empresas pode “dificultar a entrada efetiva de novos agentes (empresas), a capacidade de rivalizar das concorrentes presentes no mercado e facilitar a prática de condutas lesivas à concorrência, entre outras”.
Em maio de 2024, Vivo e Desktop estiveram em negociações semelhantes, mas o negócio não foi para frente devido a divergências de preço e sobreposição de redes.
A Desktop, que tem operação no interior o estado de São Paulo, encerrou o primeiro semestre com uma rede disponível a 4,78 milhões de residências e 1,17 milhão de casas conectadas em 200 cidades do interior do estado. A empresa abriu o capital há quatro anos e se define como “principal plataforma regional de telecomunicações do Brasil”.