O dólar à vista fechou o pregão desta segunda-feira, 27, em queda frente ao real. A moeda norte-americana caiu 0,42%, cotada a R$ 5,37.

O movimento refletiu o otimismo do mercado diante da expectativa de avanço nas negociações nas tarifas extras de 40% impostas sobre o Brasil pelo governo dos Estados Unidos.

No domingo, 26, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se reuniram na Malásia e afirmaram que há espaço para redução da barreira comercial de 50%, bem como para a busca de acordos em outros temas.

"Se as negociações evoluírem bem, pode haver um ambiente externo mais estável para operações internacionais, menor risco de sanções ou tarifas elevadas, o que é bom para fluxo de capital e câmbio. Se der errado ou ficar no impasse, pode gerar ruído adicional no câmbio e nos mercados emergentes. Em resumo: o mercado espera que essas negociações diminuam as incertezas externas para o Brasil, reforçando o real e reduzindo o câmbio dólar/real", afirma Carlos Henrique, CEO da fintech Sttart Pay.

A divisa norte-americana também caiu diante de outras moedas com a visão positiva dos investidores também sobre o encontro entre EUA e China, na quinta-feira, dia 30. No índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de países ricos, a moeda recuou 0,13%, aos 98,82%.

Um outro fator que pode ter contribuído para o recuo do dólar no Brasil e no exterior é a perspectiva de aumento do diferencial de juros entre o Brasil e o Estados Unidos. Na sexta, 24, o Índice de Preços ao Consumidor dos EUA, o CPI, mostrou que a inflação nos EUA perdeu ritmo ao fechar o mês de setembro em 0,3%, segundo o Escritório de Estatísticas do Trabalho do Departamento do Trabalho.

O dado fraco reforçou a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, faça mais um corte na taxa de juros, hoje em 4% e 4,25%, na reunião desta quarta-feira, 29.

"Quando os juros internacionais se aproximam, o dólar perde parte de seu 'carry trade' e atratividade como moeda de reserva", diz o especialista.

Com a percepção de risco global um pouco menor, investidores podem se deslocar para ativos emergentes, o que enfraquece o dólar, explica José Áureo Viana, Economista, assessor e sócio da Blue3 Investimentos.

"Há um pano de fundo internacional pró-risco: apostas quase consensuais de corte do Fed nesta semana e manchetes de descompressão em comércio global (EUA–China), que reduzem demanda por "porto seguro" (ouro caiu forte) e favorecem moedas cíclicas/emergentes. Essa dinâmica de queda é coerente com pesquisas recentes apontando enfraquecimento do dólar nos próximos trimestres se os cortes do Fed avançarem", afirma Viana.

Mercado prevê dólar a R$ 5,41

Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia-fundadora da AVG Capital, acrescenta que o mercado também repercutiu de forma positiva hoje o Boletim Focus, divulgado pela manhã pelo Banco Central.

O documento indicou que as expectativas tanto para a inflação como para o câmbio deste ano foram revisadas para baixo. A estimativa para o IPCA passou de 4,70% para 4,56% enquanto a cotação do dólar no fim de 2025 caiu de R$ 5,45 para R$ 5,41. A nova previsão dos analistas, divulgada hoje, mostra uma redução em relação a um mês atrás, quando a moeda era cotada a R$ 5,48.

A estimativa intermediária para o fim de 2026 seguiu em R$ 5,50. Um mês antes, era de R$ 5,58. A projeção para a moeda dos EUA no fim de 2027 oscilou de R$ 5,51 para R$ 5,50. Quatro semanas atrás, era de R$ 5,56. Já a estimativa para o fim de 2028 caiu de R$ 5,56 para R$ 5,50. Um mês antes, era de R$ 5,56.

"O alívio também faz o ouro, que vinha subindo com força, cair hoje. Com o cenário mais positivo de expectativa para um acordo que diminua as tarifas de produtos brasileiros e boletim Focus reduzindo a projeção para o IPCA, tanto os juros futuros como o dólar também caem por aqui", disse Bergamo.

O que é o dólar à vista

O dólar à vista é o valor negociado no mercado de câmbio para liquidação imediata, geralmente em até dois dias úteis. Esse tipo de câmbio é bastante utilizado em operações de curto prazo feitas por empresas e instituições financeiras.

A cotação do dólar à vista reflete o valor real de mercado no momento da transação, oferecendo transparência para quem precisa fechar negócios com rapidez.

O que é o dólar futuro

O dólar futuro corresponde a contratos de compra e venda da moeda para liquidação em uma data futura. Essa modalidade é negociada na Bolsa de Valores e ajuda empresas e investidores a se protegerem da volatilidade cambial.

Sua cotação varia conforme as expectativas do mercado em relação à economia, podendo se distanciar bastante do dólar à vista em momentos de incerteza.