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Dólar deve continuar trajetória de queda e impulsionar bolsas nos EUA, diz Morgan Stanley

Multinacionais devem se beneficiar diante do cenário, com tecnologia, materiais e indústria entre setores mais promissores

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 3 de julho de 2025 às 06h14.

A intensa desvalorização do dólar pode impulsionar outras ações no mercado, segundo o Morgan Stanley. Para o banco, três setores podem se beneficiar com o movimento.

A moeda americana fechou o semestre com o pior resultado desde 1973, acumulando queda de cerca de 11% em relação a janeiro. Segundo o banco, o dólar deve cair ainda mais 7% até 2026. “Isso proporciona um impulso substancial para os lucros das empresas multinacionais”, afirmou Michelle Weaver, analista do Morgan Stanley, em relatório recente.

As empresas com forte exposição às vendas no exterior podem estar ligadas ao efeito, de acordo com o Morgan Stanley. Com a moeda mais barata, produtos dos EUA se tornam mais atrativos para compradores estrangeiros, o que aumenta a conversão de receitas obtidas em moedas internacionais. 

Weaver ainda citou o efeito de conversão, que permite que as empresas ganhem "um prêmio ao trocar receitas em moedas estrangeiras por dólares", algo que não acontece com concorrentes focadas apenas no mercado interno.

O Morgan Stanley relembrou que o índice S&P 500, que reúne as maiores companhias americanas, gera cerca de 40% de sua receita fora dos EUA. Já o índice Russell 2000, formado por empresas de menor porte, obtém cerca de 22% das vendas no exterior.

“Temos uma preferência geral por ações de grandes empresas, dada a maior qualidade dos balanços, maior poder de precificação e maior força nas negociações com fornecedores - e a dinâmica do dólar reforça ainda mais essa visão”, explicou Weaver.

Setores que podem se beneficiar com o cenário

Um dos setores que mais deve se beneficiar é a tecnologia, que tem mais de 50% da receita vinda de fora. Em seguida, os materiais - com um poco mais de 40% e, por fim, industriais, com cerca de 30%.

O setor de tecnologia, inclusive, representa mais de 30% do S&P 500, o que, segundo o banco, ajuda a explicar a expectativa de valorização adicional à medida que o dólar continua a recuar.

Outro fator que pode sustentar o otimismo no mercado é a onda de revisões positivas nos lucros das empresas. “As revisões para cima nos resultados corporativos são a arma secreta do mercado para atingir novas máximas”, ressaltou o banco em outro relatório recente.

O Morgan Stanley projeta que o S&P 500 alcance 6.500 pontos até o fim de 2025, o que representa alta de cerca de 5% em relação aos níveis recordes atuais.

A reportagem destacou que a moeda americana ainda pode enfrentar mais pressão. O chamado 'One Big Beautiful Bill', que está em tramitação no Congresso, deve ampliar o déficit público em até US$ 3,3 trilhões, o que poderia provocar ainda mais desvalorizações do dólar, segundo o banco.

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