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Dólar fecha a R$ 5,40, maior valor em mais de um mês, e sobe 1,96% na semana

Moeda americana chegou a ser cotada a R$ 5,43 influenciada por "reação tardia" pós-feriado, baixa liquidez e incertezas sobre os juros dos EUA

No ano, o dólar já se desvalorizou 12,35% frente ao real (Rmcarvalho/Getty Images)

No ano, o dólar já se desvalorizou 12,35% frente ao real (Rmcarvalho/Getty Images)

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 17h44.

Última atualização em 21 de novembro de 2025 às 17h55.

O dólar à vista disparou nas negociações desta sexta-feira, 21, e subiu 1,18%, encerrando a semana cotado a R$ 5,401 — o maior valor de fechamento desde o dia 17 de outubro, quando a moeda foi vendida a R$ 5,406. Na máxima do dia, a divisa chegou a tocar a R$ 5,43.

Até as negociações desta quarta-feira o dólar já acumula alta de 0,78% frente ao real, mas com a aceleração hoje, a moeda chegou a ganhos de quase 2%. No ano, porém, a divisa já se desvalorizou 12,35% frente ao real.

O avanço do dólar na sessão desta sexta refletiu uma combinação de fatores, de acordo com profissionais do mercado.

Pesou sobre o real um ajuste acumulado que ocorreu ontem nas bolsas globais, uma liquidez menor nas negociações por conta da "quase emenda" de feriado, por mais que os mercados estejam abertos e, ainda, uma aversão ao risco que envolve incertezas em relação à economia dos Estados Unidos e o futuro dos juros no país.

"Os mercados globais já vinham mostrando uma tendência de fortalecimento do dólar frente a moedas de países desenvolvidos, enquanto diversas divisas emergentes seguiam relativamente mais resilientes", afirma Gustavo Gomes, head de renda variável da AVIN.

"Ao longo da semana, o aumento das incertezas internacionais reforçou a busca por proteção, o que naturalmente favorece o dólar. Esse movimento acabou se refletindo também no real, acompanhando uma dinâmica que já vinha sendo observada em outras moedas e sem um fator doméstico específico por trás", diz o especialista.

A declaração do presidente do Fed de Nova York, John Williams, que disse que poderia apoiar o corte de taxas mais uma vez em dezembro, mesmo após o payroll de setembro ter vindo mais forte do que o esperado, também não contribuiu para uma reação positiva do câmbio doméstico.

"Esse movimento atrai novamente o investidor para os Estados Unidos e fortalece a moeda norte-americana", observa Bruna Centeno, economista, sócia e advisor na Blue3 Investimentos.]

Nem mesmo a derrubada das sobretaxas de 40% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros foram suficiente para se contrapor aos dados americanos.

"A retirada das tarifas não fez preço, exatamente porque toda a parte de política monetária movimenta muito mais as expectativas do investidor do que de fato a 'novela das tarifas'. Até porque, depois dos encontros [entre os presidentes do Brasil e dos EUA] e uma possível sinalização de uma animosidade entre eles, era esperado um tom mais calmo e até uma possível flexibilização das tarifas. Então, por isso que isso não foi o suficiente para reverter esse tom negativo hoje", disse Centeno.

O que é o dólar à vista

O dólar à vista é o valor negociado no mercado de câmbio para liquidação imediata, geralmente em até dois dias úteis. Esse tipo de câmbio é bastante utilizado em operações de curto prazo feitas por empresas e instituições financeiras.

A cotação do dólar à vista reflete o valor real de mercado no momento da transação, oferecendo transparência para quem precisa fechar negócios com rapidez.

O que é o dólar futuro

O dólar futuro corresponde a contratos de compra e venda da moeda para liquidação em uma data futura. Essa modalidade é negociada na Bolsa de Valores e ajuda empresas e investidores a se protegerem da volatilidade cambial.

Sua cotação varia conforme as expectativas do mercado em relação à economia, podendo se distanciar bastante do dólar à vista em momentos de incerteza.

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