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Dólar vai a R$ 5,29 e fecha na menor cotação em 15 meses na véspera da Super Quarta

Moeda americana abriu com tendência de baixa, às vésperas da decisão do Fed, que deve reduzir juros pela primeira vez no ano

Dólar (big_nazik/Freepik)

Dólar (big_nazik/Freepik)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 16 de setembro de 2025 às 10h12.

Última atualização em 16 de setembro de 2025 às 17h07.

Com a proximidade da Super Quarta, o dólar vem experimentando repetidas quedas em relação ao real. A moeda americana fechou a terça-feira, 16, com queda de 0,44%, cotada a R$ 5,298, após ter chegado a R$ 5,292 na mínima do dia. É o menor patamar desde junho de 2024.

A baixa do dólar ocorre às vésperas da decisão do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserva) que deve retomar, amanhã, o ciclo de cortes de juros no país. A expectativa é que o Fed reduza os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4% e 4,25% — e isso tem tudo a ver com a valorização do real.

Desde a última quarta-feira até o fechamento de ontem, a moeda acumula queda de mais de 2% e no ano de 2025 recua mais de 16%. A divisa opera no menor patamar em 15 meses.

Aqui no Brasil, começou hoje a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A taxa Selic, porém, deve ser mantida em 15%.

"A expectativa é grande para saber se o Copom vai dar algum direcionamento em relação ao início de corte de juros. Considerando, sobretudo, que tivemos um PIB mais fraco do que as expectativas e a inflação vem cedendo”, afirma Rodrigo Moliterno head de renda variável da Veedha Investimentos.

O carry trade

Especialistas citam o fenômeno do carry trade, que tem provocado essa sequência de quedas do dólar em relação à moeda brasileira.

Trata-se de uma estratégia comum onde investidores tomam empréstimos em países com juros mais baixos e aplicam esses recursos em países com juros mais altos.

Quando os juros nos EUA diminuem, torna-se ainda mais barato tomar dinheiro lá. Com a manutenção ou taxas mais altas em outros países, como o Brasil, que deve manter a taxa a 15% ao ano, essa diferença se torna mais favorável para o investidor estrangeiro.

Isso leva o [investidor] gringo a injetar mais dólares no Brasil, comprando títulos públicos ou ações brasileiras. O aumento da oferta de dólares na economia brasileira faz com que o preço do dólar caia em relação ao real”, explica Otávio Oliveira da Silva, gerente de tesouraria do Banco Daycoval.

Afinal, a máxima do “subiu no boato, caiu no fato” vale para o dólar, até mais do que para o mercado de ações, devido à maior liquidez do mercado cambial. Isso significa que o mercado se adianta, agindo com base nas expectativas: investidores institucionais e traders antecipam a entrada de dólares no Brasil mediante a provável decisão de queda de juros pelo banco central americano.

“Eles já entram vendendo dólar, o que faz com que a moeda caia. É uma 'profecia autorrealizada': se a expectativa é amplamente acreditada, o mercado a faz acontecer”, afirma o especialista.

O que é o dólar à vista

O dólar à vista é o valor negociado no mercado de câmbio para liquidação imediata, geralmente em até dois dias úteis. Esse tipo de câmbio é amplamente utilizado por empresas e instituições financeiras em operações de curto prazo, oferecendo uma cotação com base no valor real de mercado no momento da transação.

O que é o dólar futuro

O dólar futuro é uma cotação projetada para contratos de compra e venda de dólares a serem liquidados em datas futuras. Esse tipo de dólar é negociado na Bolsa de Valores, permitindo que empresas e investidores se protejam contra a volatilidade cambial. A cotação do dólar futuro pode variar bastante, pois leva em consideração as expectativas do mercado sobre a economia.

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