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Dólar perdeu força, mas sua reputação segue intacta, diz JP Morgan

Banco afirma que falta de alternativa viável, entre outros motivos, mantém a moeda como fonte de reserva

Dólar perdeu força, mas segue como moeda atraente para o mercado (Designed by/Freepik)

Dólar perdeu força, mas segue como moeda atraente para o mercado (Designed by/Freepik)

Publicado em 22 de agosto de 2025 às 10h08.

No primeiro semestre de 2025, a performance do dólar americano frente a uma cesta de moedas, medida pelo índice DXY, caiu 10,7%, marcando seu pior desempenho para o período em mais de 50 anos. Fatores como incerteza política, estimativa de crescimento mais baixo nos Estados Unidos e realocação global de capital pressionaram a moeda nos seis primeiros meses do ano.

Relatório do JP Morgan, assinado pela analista Mary Park Durham, aponta que a apesar do potencial de enfraquecimento adicional, o status de moeda de reserva permanece intacto devido à sua confiabilidade, à falta de uma alternativa viável, entre outros motivos.

Pressão no Fed afeta moeda

O banco explica que a questão das tarifas de importação adotadas pelo governo dos Estados Unidos e a discussão da independência do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) foram itens que pressionaram a moeda.

O JP Morgan lembra que comentários sobre a possível demissão do presidente do Fed, Jerome Powell, em 16 de julho, levou o dólar a queda de 1,2% em uma hora, embora a divisa tenha se recuperado desde então.

A questão fiscal Estados Unidos é outro tema que inspira cautela e levou os investidores a reavaliarem a grande quantidade de ativos denominados em dólares americanos que detêm, relata o banco.

Fluxo para ações americanas enfraqueceram

Além disso, as estimativas de consenso de crescimento dos EUA para 2025 caíram de 2,3% para 1,4% durante março e abril, embora tenham se recuperado ligeiramente. Para o JP Morgan, essas revisões para baixo também levaram a uma maior depreciação do dólar americano.

Os fluxos para ações americanas também enfraqueceram significativamente este ano, o que, de certa forma, também atingiu o dólar, avalia o JP Morgan. O banco faz uma comparação e explica que os ETFs que investem em ações dos EUA apresentaram fluxos líquidos médios de US$ 10,2 bilhões entre janeiro e julho de 2024, mas apenas US$ 5,7 bilhões no mesmo período em 2025.

Para o banco, os investidores europeus estão alocando mais em ativos locais e essa tendência de reequilíbrio, após anos de retornos excepcionais nos EUA, pode continuar a pressionar o dólar.

O JP Morgan informa ainda que embora a participação do dólar nas reservas cambiais do mundo, atualmente em 58%, possa continuar a diminuir gradualmente - à medida que alguns bancos centrais diversificam em ativos como o ouro - ele está longe de ser substituído.

O dólar continua sendo a moeda mais utilizada e confiável para transações globais, aponta Mary Park Durham. No entanto, isso não descarta a possibilidade de uma desvalorização prolongada da  moeda, semelhante à do período de 2002 a 2008, dado seu alto valor inicial, avalia.

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