Dólar americano pode perder seu domínio global? (Designed by/Freepik)
Redatora
Publicado em 13 de setembro de 2025 às 06h15.
O papel do dólar americano como principal moeda de reserva mundial voltou ao centro do debate. Tarifas comerciais, dívidas crescentes dos Estados Unidos e o uso frequente de sanções financeiras levantam dúvidas sobre a capacidade de a divisa norte-americana manter sua hegemonia, segundo reportagem do The Wall Street Journal.
Países como a Rússia já reduziram o uso do dólar em transações internacionais, substituindo-o pelo renminbi chinês após as sanções de 2022. Outras economias também buscam alternativas, colocando em xeque o futuro da moeda americana.
Antes da Primeira Guerra Mundial, a libra esterlina dominava o comércio global. Os Estados Unidos ainda não tinham um banco central e suas instituições financeiras eram proibidos de operar no exterior. Essa realidade começou a mudar em 1913, com a criação do Federal Reserve (Fed), que passou a apoiar o mercado financeiro doméstico e internacional.
O banqueiro Paul Warburg teve papel decisivo nesse processo. Ele defendeu a criação de instrumentos de crédito em dólar para substituir a dependência da libra esterlina. Com apoio político e institucional, Nova York se consolidou como centro financeiro global, e, no final da década de 1920, o dólar já havia superado a libra como moeda de referência no comércio internacional.
O domínio do dólar, porém, foi interrompido após 1929. A Grande Depressão reduziu drasticamente importações e exportações dos EUA. Tarifas como a Smoot-Hawley agravaram a situação, e crises financeiras sucessivas minaram a confiança no sistema bancário americano.
Um terço dos títulos de aceitação em dólar em circulação tinha origem estrangeira, principalmente na Alemanha. Com a moratória alemã sobre dívidas e a recusa do Fed em sustentar o mercado, bancos e investidores ficaram expostos a papéis de alto risco, segundo a reportagem do WSJ.
A combinação de choques externos, disputas políticas e hesitação do Federal Reserve levou à retração do uso internacional do dólar. Até 1934, a moeda havia perdido grande parte de sua participação frente à libra esterlina.
A recuperação só ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos emergiram como a principal economia intacta do mundo. A partir desse momento, o Fed adotou a função de credor de última instância, consolidando novamente o dólar como moeda dominante. Esse período resultou em estabilidade financeira internacional por cerca de 25 anos.