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Dólar recua com apostas em corte de juros nos EUA e guerra comercial

Fed sinaliza possível afrouxamento monetário, enquanto avanço do euro e tensão nos EUA pressionam o dólar

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 06h32.

O índice do dólar (DXY) registrou queda de 0,3% nesta quarta-feira, 15, revertendo parte dos ganhos recentes. O movimento ocorre após declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que reforçaram as expectativas de cortes nas taxas de juros até o fim do ano.

O recuo da moeda americana também reflete o avanço do euro, a queda nas taxas dos títulos franceses e os efeitos persistentes da paralisação do governo dos Estados Unidos. Com isso, o mercado passou a precificar com 97% de probabilidade um corte de -0,25 ponto percentual na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) marcada para os dias 28 e 29 de outubro.

No Brasil, o dólar oscilou fortemente ao longo da semana. Na segunda-feira, 13, a moeda caiu 0,75%, para R$ 5,462, após declarações conciliatórias do presidente Donald Trump sobre a China. Já na terça-feira, 14, voltou a subir 0,19%, encerrando o dia a R$ 5,47, após ter atingido a máxima de R$ 5,52 pela manhã.

Esse movimento refletiu a reaceleração das tensões comerciais entre EUA e China, intensificadas após críticas do secretário do Tesouro, Scott Bessent, à postura de Pequim. Declarações de Powell também indicam fraqueza no mercado de trabalho americano e uma abordagem “reunião por reunião” para decisões sobre juros também impactaram o câmbio.

Powell adota tom mais brando e fortalece apostas de corte

Em discurso na terça, Powell indicou que o mercado de trabalho americano continua desaquecido e que o banco central pode encerrar o aperto quantitativo nos próximos meses. A fala teve impacto direto no mercado cambial e nos juros futuros.

“Riscos à economia persistem e a inflação permanece sob controle”, disse Powell, sinalizando que o Fed está aberto a novos cortes até o fim do ano.

Segundo dados da LSEG, os investidores esperam dois cortes até dezembro e mais três ao longo de 2026, totalizando aproximadamente 48 pontos-base de afrouxamento monetário.

Euro se fortalece com trégua política na França

O euro (EUR/USD) avançou 0,3% e se manteve acima de US$ 1,16, impulsionado pela proposta do primeiro-ministro francês, Sebastien Lecornu, de adiar a reforma da Previdência até 2027. A medida atendeu a demandas do Partido Socialista, que retirou apoio ao voto de desconfiança previsto para esta quinta-feira.

A decisão acalmou os mercados e fortaleceu a moeda única, mesmo em meio à volatilidade política na União Europeia.

Com a melhora na governabilidade, os títulos franceses ganharam força e o rendimento dos papéis de 10 anos caiu para 3,37%, o menor patamar desde agosto.

Iene avança com tensão política e cautela fiscal no Japão

O iene (USD/JPY) subiu 0,4%, favorecido pela busca por ativos de proteção, em meio à crescente instabilidade no governo japonês.

A eleição de Sanae Takaichi como nova líder do Partido Liberal Democrata levou à dissolução da coalizão com o partido Komeito, o que pode dificultar a aprovação de medidas fiscais e orçamentárias.

O fortalecimento do iene também contou com declarações do ministro das Finanças, que afirmou que o governo “acompanha de perto” oscilações excessivas no câmbio e pode intervir, se necessário.

Metais preciosos disparam com incertezas globais

O ouro e a prata encerraram o dia em alta. O contrato de dezembro do ouro (GCZ25) subiu 0,74%, renovando sua máxima histórica ao romper a marca de US$ 4.200 por onça no mercado à vista.

A valorização dos metais é sustentada por incertezas geopolíticas, a escalada da guerra comercial entre EUA e China, e a expectativa de mais cortes de juros nos EUA.

Fundos de investimento seguem ampliando suas posições em ETFs de ouro e prata, com os estoques atingindo máximas de três anos.

Comércio global sob pressão com nova rodada de sanções

A tensão entre Estados Unidos e China aumentou após Pequim sancionar cinco unidades da Hanwha Ocean Co., empresa sul-coreana com atuação nos EUA. Em resposta, o governo americano anunciou tarifas de 100% sobre produtos chineses e novas cobranças portuárias.

Mais de 80% do comércio global depende do transporte marítimo, e as restrições afetam diretamente o fluxo de mercadorias internacionais.

A inflação na China segue em trajetória deflacionária. Em setembro, os preços ao consumidor recuaram mais do que o esperado e os preços ao produtor acumularam o terceiro ano seguido de queda.

Cotação às 5h25, no horário Brasília 

  • Índice DXY: 98,545 (-0,3%)

  • EUR/USD: 1,1637 (+0,3%)

  • USD/JPY: 151,30 (-0,4%)

  • USD/CNY: 7,1263 (-0,2%)

  • Ouro à vista: US$ 4.208 por onça

  • Petróleo Brent: US$ 62,27 (-0,2%)

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