Mercados

Dólar sobe 1,2% com medidas do governo e leilões do BC

No fechamento, a taxa de câmbio avançou 1,20 por cento, para 1,7326 real na venda

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de março de 2012 às 18h21.

São Paulo - Com intervenção dupla do Banco Central ocorrendo mais uma vez, o dólar fechou em alta de mais de 1 por cento frente ao real nesta sexta-feira. A valorização ocorre um dia após o governo anunciar duas medidas para frear a alta da moeda brasileira.

As operações locais também repercutiram o salto da moeda norte-americana no exterior, em meio a constantes preocupações com a crise de dívida da zona do euro.

No fechamento, a taxa de câmbio avançou 1,20 por cento, para 1,7326 real na venda, alcançando na máxima da sessão 1,7346 real (+1,32 por cento). No acumulado da semana, a cotação subiu 1,54 por cento, primeira valorização semanal depois de duas seguidas em queda.

"Desta vez o mercado ficou em alerta", afirmou o gerente de câmbio de um banco nacional, que preferiu não ser identificado.

Na noite de quinta-feira, o BC informou que pagamentos antecipados de exportações para operações superiores a 360 dias pagarão Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6 por cento. Antes, essa modalidade tinha prazo ilimitado sem taxação.

A decisão veio após, também na quinta-feira, o Ministério da Fazenda ter ampliado de dois para três anos o período de incidência do IOF sobre empréstimos externos.

Na ocasião, o governo endureceu o discurso contra a valorização acentuada do real. A palavra mais forte veio da presidente Dilma Rousseff, que criticou as políticas monetárias expansionistas adotadas por países desenvolvidos para enfrentar a atual crise econômica internacional, causadoras, segundo ela, de um "tsunami monetário".

Em outra frente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sustentou que o governo continuará tomando novas medidas para impedir a valorização excessiva do real frente ao dólar.

Nesta semana, o Banco Central Europeu (BCE) despejou mais de meio trilhão de euros no sistema financeiro da região. Na visão do governo, parte importante desses recursos deve ser direcionada ao Brasil, o que tende a pressionar ainda mais o dólar.

Para alguns analistas, a expectativa de que as autoridades voltem a agir para segurar a queda do dólar decorre da avaliação de que as recentes medidas podem ter impacto limitado.

"Estamos céticos de que elas vão reverter a tendência e vemos o risco de que, se o dólar continuar caindo ante o real, mais medidas sejam a anunciadas", disseram em relatório os economistas do Barclays Capital Guilherme Loureiro e Marcelo Salomon.

"A mensagem foi clara: o governo está muito desconfortável com o atual nível do dólar... e vai continuar agindo para evitar que a moeda romper o nível de 1,70 real no curto prazo", reforçaram também em relatório analistas de mercados emergentes do BNP Paribas.

A alta do dólar não impediu que o BC interviesse no mercado pela oitava sessão consecutiva, realizando dois leilões de compra de moeda no mercado à vista.

Segundo operadores, o desempenho da moeda teve impulso extra dos ganhos da divisa no exterior, influenciados em parte pela queda do euro, devido a renovados temores com a situação do bloco monetário.

Nesta quinta-feira, a Espanha informou que baseará seu Orçamento deste ano num déficit fiscal de 5,8 por cento, acima do acertado com a União Europeia (UE). Na interpretação do mercado, a decisão ressalta as dificuldades dos países em cumprirem compromissos, o que enfraquece os esforços de autoridades da região em combater a crise de dívida.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarMoedas

Mais de Mercados

Ambipar perde R$ 4 bi em valor de mercado após conseguir proteção na Justiça contra credores

Assaí (ASAI3) fecha entre as maiores baixas do Ibovespa após processar GPA

Ibovespa fecha abaixo dos 146 mil pontos com dúvida sobre próximos passos do Fed

Dólar fecha em alta, a R$ 5,36, após dados fortes sobre economia dos EUA