O dólar operou em alta no mercado à vista ao longo desta terça-feira, 21, após quatro sessões de perdas frente o real (Yuji Sakai/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 17h13.
Última atualização em 21 de outubro de 2025 às 17h43.
Em um dia de agenda econômica esvaziada e mercados sem direção definida, o dólar encerrou esta terça-feira, 21, em leve alta frente ao real, acompanhando o movimento global de fortalecimento da moeda norte-americana. A divisa subiu 0,31%, vendida a R$ 5,390, próximo do avanço do índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas — em meio à fraqueza do iene japonês.
Segundo analistas, o real apenas acompanhou o comportamento das principais moedas emergentes, enquanto o dólar se manteve firme diante das divisas de economias desenvolvidas. O DXY avançou cerca de 0,34%, refletindo ajustes no mercado cambial japonês após a eleição da nova primeira-ministra do país.
"O movimento não diz respeito ao real especificamente; foi um dia de enfraquecimento generalizado das moedas frente ao dólar", afirmou Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, também destacou que o movimento de valorização do dólar esteve ligado a uma reversão momentânea na busca por ativos defensivos, especialmente o ouro, que encerrou a sessão de hoje em queda acentuada, de mais de 5%, a maior em cinco anos.
Ao longo desse período, o metal acumulou valorização de cerca de 80% em dólar e mais de 100% em reais, impulsionado pela inflação global e pelo apetite por ativos de proteção. "Hoje vimos uma reversão, ainda que momentânea, desse movimento. E uma parte disso pode ter ido justamente para o dólar, o que fez com que o DXY fechasse em alta em relação a outras moedas globalmente", disse Zogbi.
O desempenho mais contido do real, por outro lado, foi sustentado por um leve avanço das commodities, o que atenuou a pressão sobre as moedas emergentes. "São países altamente expostos a commodities e hoje foi um dia de alta de commodities", afirmou a especialista.
Ainda assim, o cenário global permanece no centro das atenções: investidores aguardam a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos na sexta-feira, 24, indicador que deve orientar as apostas em torno dos próximos passos da política monetária do Federal Reserve. Apesar da expectativa de dois cortes adicionais de juros até o fim do ano, os números de inflação seguem sendo monitorados de perto pelos mercados.
De olho nos próximos dias, especialistas apontam que o real pode voltar a se valorizar caso o fechamento da curva de juros continue e haja maior entrada de capital estrangeiro, embora fatores políticos domésticos sigam no radar e possam trazer volatilidade ao câmbio.
O dólar à vista é o valor negociado no mercado de câmbio para liquidação imediata, geralmente em até dois dias úteis. Esse tipo de câmbio é bastante utilizado em operações de curto prazo feitas por empresas e instituições financeiras.
A cotação do dólar à vista reflete o valor real de mercado no momento da transação, oferecendo transparência para quem precisa fechar negócios com rapidez.
O dólar futuro corresponde a contratos de compra e venda da moeda para liquidação em uma data futura. Essa modalidade é negociada na Bolsa de Valores e ajuda empresas e investidores a se protegerem da volatilidade cambial.
Sua cotação varia conforme as expectativas do mercado em relação à economia, podendo se distanciar bastante do dólar à vista em momentos de incerteza.