Invest

Dona do Café Pilão troca de mãos em negócio de US$ 18 bi. O Brasil tem tudo a ver com a história

Keurig Dr Pepper adquiriu a holandesa JDE Peet’s e para formar uma gigante de cafés de US$ 16 bi de faturamento

Café Pilão: JDE é dona das principais marcas de café do Brasil; portfólio inclui ainda Caboclo, Pelé e do Ponto (Café Pilão/Divulgação)

Café Pilão: JDE é dona das principais marcas de café do Brasil; portfólio inclui ainda Caboclo, Pelé e do Ponto (Café Pilão/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 26 de agosto de 2025 às 10h48.

Várias das principais marcas de café do Brasil estão trocando de mãos. Num mega negócio anunciado ontem, a gigante de bebidas americana Keurig Dr. Pepper comprou a JDE Peet's – dona de marcas como o Café Pilão, Caboclo, Pelé, do Ponto e L'Orpor US$ 18 bilhões. A transação implicou um prêmio de 33% sobre a cotação da JDE na bolsa e é primeiro passo para a criação de duas empresas listadas separadamente nos Estados Unidos: uma dedicada a bebidas não alcoólicas e outra a café e cafeterias, nesse caso, formando a maior companhia do segmento.

A compra de 2018 que juntou a fabricante de cafeteiras Keurig e a Dr Pepper foi, à época, a maior do segmento de bebidas não alcoólicas. Agora, a KDP faz o movimento inverso: quer desmembrar os negócios para destravar valor. O braço de café, que passará a incluir marcas como Green Mountain, Keurig e a recém-incorporada JDE Peet’s, terá receita anual estimada em US$ 16 bilhões. Já a unidade de refrigerantes, com marcas como Dr Pepper, 7UP, Snapple e energéticos Bloom e Ghost, ficará com US$ 11 bilhões.

A aquisição amplia o alcance geográfico da Keurig, num momento em que as tarifas sobre o café brasileiro pressionam as margens da indústria nos Estados Unidos. Enquanto a Keurig é forte na América do Norte, a JDE Peet’s opera na Europa, América Latina e Oriente Médio.

No começo deste mês, Trump elevou para 50% as taxas de importação de produtos brasileiros, incluindo café, pressionando custos de toda a indústria. O Brasil é o maior produtor mundial, com volume superior ao dos cinco concorrentes seguintes somados.

Em entrevista ao The Wall Street Journal, Cofer destacou que a nova companhia de café, mais globalizada, tende a ser menos exposta a essas tarifas no médio prazo. "Se olharmos para a separação da nova companhia global de café, ela é menos impactada em uma base relativa por esses tarifas", disse o CEO.

Mas ele reconhece que o restante de 2025 deve ser desafiador, pois o segmento também enfrenta competição acirrada e custos voláteis. Já antes do tarifaço, os preços do café tinham disparado por conta de secas que se abateram sobre a safra brasileira.

JDE Peet’s tem controle pulverizado, mas a gestora europeia JAB Holding é peça central em toda a história: dona de quase 70% do poder de voto da companhia holandesa e de 4% da Keurig Dr Pepper, foi ela que articulou a união entre Keurig e Dr Pepper em 2018 e que levou a JDE Peet’s à bolsa em 2020.

Na estreia, as ações empolgaram investidores, que apostaram na resiliência do consumo de café em crises econômicas. Mas desde então a cotação cedeu, ficando abaixo do preço do IPO, reflexo da concorrência e das preocupações com tarifas.

Com a fusão, a Kering Dr. Pepper aposta que tamanho e sinergias vão ajudar a enfrentar um cenário mais complexo.  A companhia estima US$ 400 milhões em economias de custos. A disputa por espaço no mercado global de café promete se intensificar.

 

Acompanhe tudo sobre:CaféCafé PilãoFusões e Aquisições

Mais de Invest

Ibovespa abre em queda com IPCA-15 e tensão após demissão de diretora do Fed

Quem é o novo CEO da Americanas? Troca de liderança faz parte de plano estratégico da varejista

BB Seguridade paga R$ 3,77 bilhões em dividendos hoje: veja quem tem direito

Ambev (ABEV3) ganha 'upgrade' do Safra: 'tempestade perfeita' passou, dizem analistas