Redatora
Publicado em 3 de julho de 2025 às 10h39.
Uma gigante chinesa acaba de chegar aos Estados Unidos: a Luckin Coffee, maior rede de cafés da China, abriu suas primeiras unidades em solo americano, na cidade de Nova York.
A empresa, que ultrapassou a Starbucks como a maior rede de cafés da China em 2023, agora leva o seu modelo de "varejo tecnológico" para os Estados Unidos.
Na maior parte das unidades da Luckin, os pedidos são feitos diretamente no aplicativo da rede. A inspiração, segundo análise da Wharton School, teria sido os apps de mobilidade urbana, como Uber e 99, em que o cliente pede e paga direto pelo celular.
Nesse primeiro momento, como Nova York proíbe que estabelecimentos funcionem só com pagamentos digitais, é provável que as primeiras lojas da Luckin na cidade aceitem tanto pedidos via app como pedidos no balcão.
Em seu site, a Luckin afirma que defende uma experiência de compra mais conveniente e rápida. "Os usuários compram, retiram e levam seu café usando o app, mudando completamente o modelo tradicional de negócios do setor”.
Esse modelo focado no digital permitiu que a empresa tivesse uma expansão rápida no mercado asiático. Entre janeiro de 2018 e março de 2019, segundo análise da Wharton, a Luckin abriu uma média de 5,2 lojas por dia. O sucesso culminou na abertura de capital da rede nos Estados Unidos, em maio de 2019.
No entanto, cerca de um ano após o IPO, a Luckin se envolveu em um escândalo no mercado de capitais americano. Uma investigação da comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, a Sec, revelou que a empresa havia fraudado relatórios financeiros. O caso levou a exclusão da companhia da Nasdaq, a demissão de executivos e ao pagamento de uma multa de US$ 180 milhões, que acabou culminando em um pedido de falência da empresa em 2021.
Hoje, sob nova liderança, a Luckin conseguiu se reinventar. No primeiro trimestre deste ano, a rede informou ter mais de 24 mil lojas ao redor do mundo, concentradas principalmente nos mercados da China, Malásia e Singapura. O faturamento da empresa no período somou mais de US$ 1,2 bilhão, uma alta de 41,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Nos Estados Unidos, a Luckin oferece um cardápio com bebidas variadas que, de acordo com a Fast Company, custam cerca de 30% menos que na Starbucks.
Enquanto a empresa chinesa prioriza uma experiência de compra focada em rapidez e eficiência, a Starbucks tenta reposicionar as unidades da rede como um "terceiro lugar" na vida dos clientes, um espaço agradável para além do trabalho e da casa. A estratégia, implementada pelo CEO Brian Niccol, foi apelidada de "De volta à Starbucks".
Para o executivo, o foco em pedidos via app durante a pandemia prejudicou a experiência dos clientes com a marca. Em uma tentativa de reconquistar o público, a rede tem apostado em detalhes mais humanos, com mensagens escritas à mão, propagandas mais acolhedoras e um cardápio mais simples. Tudo isso tenta reverter a queda de percepção da marca, afetada por preços altos e longas filas.
No entanto, o caminho de recuperação ainda é longo. Em abril, a Starbucks divulgou no seu resultado financeiro do primeiro trimestre que teve queda no faturamento e nas vendas em mesmas lojas no período.
A chegada da Luckin aos Estados Unidos adiciona uma nova camada de pressão sobre a estratégia da gigante americana. Será que o público vai preferir uma experiência mais calorosa ou a praticidade de fazer um pedido rápido pelo celular?