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Eli Lilly investe US$ 6,5 bi em nova fábrica para turbinar produção de pílulas contra obesidade

Esta é a segunda de uma série de quatro novas fábricas planejadas pela farmacêutica nos EUA, que começarão a produzir medicamentos dentro de cinco anos

Uma representação da fábrica da Eli Lilly em Houston, Texas (Divulgação)

Uma representação da fábrica da Eli Lilly em Houston, Texas (Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 16h07.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 16h47.

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A Eli Lilly anunciou nesta terça-feira, 23, que vai investir US$ 6,5 bilhões na construção de uma nova planta industrial em Houston, Texas, para expandir a produção de medicamentos de pequenas moléculas, incluindo sua pílula experimental contra a obesidade, que aguarda aprovação regulatória.

O investimento faz parte de uma série de novos projetos planejados pela farmacêutica nos Estados Unidos. Em fevereiro, a Eli Lilly também informou que destinaria pelo menos US$ 27 bilhões para a construção de quatro novas unidades de produção no país.

A companhia informou que anunciará as duas unidades restantes ainda neste ano e espera iniciar a produção em todas as quatro instalações dentro de cinco anos.

A ampliação da capacidade de produção para a pílula contra obesidade, orforgliprona, é considerada fundamental pela empresa para acelerar seu lançamento no mercado e consolidar a posição da empresa no dinâmico setor de GLP-1s. A Eli Lilly e a Novo Nordisk já enfrentam dificuldades com o fornecimento de suas injeções semanais em razão da alta demanda nos Estados Unidos.

"Nossa nova unidade em Houston permitirá aumentar a capacidade de fabricação do orforglipron em larga escala e, se aprovado, ajudará a tornar esse medicamento uma solução para o tratamento de obesidade e diabetes tipo 2, beneficiando milhões de pessoas ao redor do mundo que preferem a praticidade de um comprimido, que pode ser tomado sem restrições alimentares ou de água", afirmou David Ricks, CEO da Eli Lilly, no comunicado.

As empresas farmacêuticas têm intensificado seus esforços para aumentar a produção doméstica nos Estados Unidos, especialmente diante das ameaças do presidente americano Donald Trump de impor tarifas sobre produtos farmacêuticos importados. Trump acredita que essas tarifas estimularão as empresas a realocar a produção após uma significativa redução na fabricação nacional de medicamentos nos últimos anos.

A Eli Lilly também destacou que a nova planta em Houston se concentrará na produção do orforgliprona, além de outros medicamentos de pequenas moléculas em áreas terapêuticas diversas, como saúde cardiometabólica, oncologia, imunologia e neurociência. Medicamentos de pequenas moléculas, que geralmente são administrados por via oral, são mais convenientes para os pacientes e, em geral, mais fáceis e econômicos de produzir em larga escala.

A empresa também afirmou que a planta criará 615 novos empregos para a região de Houston, com vagas para engenheiros, cientistas, pessoal de operações e técnicos especializados, além de 4 mil postos de trabalho na construção da unidade.

Comparação entre as canetas da Eli Lilly e Novo Nordisk

Um estudo recente conduzido pela Eli Lilly sugere que a orforgliprona, um medicamento experimental de uso oral, se mostra mais eficaz do que a semaglutida oral (conhecida comercialmente no Brasil como Rybelsus), fabricado pela Novo Nordisk, na redução de peso e no controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2.

A pesquisa comparou a orforgliprona (nas dosagens de 12 mg e 36 mg) com a semaglutida oral (7 mg e 14 mg) ao longo de 52 semanas, envolvendo 1.698 adultos com diabetes tipo 2 que não estavam conseguindo controlar a doença adequadamente com metformina, um medicamento amplamente utilizado para o tratamento do diabetes. Vale destacar que o estudo ainda está em fase preliminar e não foi publicado em revista científica revisada por pares.

A hemoglobina glicada, indicador-chave no controle do diabetes, diminuiu, em média, 2,2% com a dose mais alta de orforgliprona, enquanto a semaglutida oral reduziu, em média, 1,4%. Em relação à perda de peso, os participantes que usaram a dose elevada de orforgliprona perderam, em média, 8,9 kg (9,2%), enquanto aqueles que tomaram semaglutida oral emagreceram 5 kg (5,3%).

A Eli Lilly, fabricante também do medicamento injetável Mounjaro, planeja submeter a orforgliprona às autoridades regulatórias no próximo ano. Por sua vez, a semaglutida oral, comercializada como Rybelsus pela Novo Nordisk, já está disponível no mercado. A Novo Nordisk também é responsável pela produção do Ozempic e está desenvolvendo outro medicamento oral para o tratamento da obesidade.

O desenvolvimento de um medicamento oral eficaz para perda de peso é uma estratégia crescente nas farmacêuticas, já que as pílulas podem aumentar a adesão ao tratamento, especialmente entre os pacientes que evitam injeções.

De acordo com os resultados do estudo, os efeitos adversos mais comuns da orforgliprona foram de origem gastrointestinal e, em sua maioria, leves a moderados. A Eli Lilly afirmou que os dados mostraram que a substância mantém um "perfil de segurança e tolerabilidade" compatível com estudos anteriores.

Entretanto, as taxas de descontinuação do tratamento devido a efeitos adversos foram mais altas com a orforgliprona em comparação à semaglutida oral. A taxa de interrupção foi de 8,7% (12 mg) e 9,7% (36 mg) para orforgliprona, enquanto para semaglutida oral, as taxas foram de 4,5% (7 mg) e 4,9% (14 mg).

Após os primeiros testes com a pílula da Eli Lilly, algumas projeções de participação de mercado foram ajustadas. Estimativas de vendas do orforgliprona em 2032 foram reduzidas, em média, em US$ 4,5 bilhões, para cerca de US$ 14,56 bilhões, segundo dados da Evaluate, companhia que monitora o mercado farmacêutico, fornecidos à CNBC.

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