Ouro: metal acumula alta de quase 50% em 2025 e caminha para o maior ganho anual desde 1979 (sutan abraham/Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 24 de novembro de 2025 às 09h26.
O Banco Central do Brasil voltou a comprar ouro em setembro de 2025 após quatro anos de pausa. A aquisição de 15 toneladas foi reportada ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e divulgada pelo World Gold Council.
A última aquisição do metal havia ocorrido em 2021, quando a autoridade monetária brasileira adicionou 62 toneladas do metal às reservas. Com a nova compra, as reservas de ouro do país chegaram a 145 toneladas ao final do terceiro trimestre.
O movimento do Brasil acompanha uma tendência de diversificação das reservas internacionais e redução da dependência do dólar como ativo predominante, em linha com outros bancos centrais pelo mundo, sobretudo de economias emergentes.
O relatório aponta que os bancos centrais adicionaram 220 toneladas de ouro às reservas no terceiro trimestre de 2025, segundo dados reportados ao FMI.
O preço do ouro subiu cerca de 50% no acumulado do ano, chegando a US$ 4 mil por onça troy, uma máxima histórica. Ainda assim, a alta não foi suficiente para conter a demanda, prova de que os bancos centrais continuam a adicionar ouro estrategicamente às suas reservas, apesar dos preços mais altos.
"O aumento da demanda no último trimestre é uma prova de que os bancos centrais continuam a adicionar ouro estrategicamente às suas reservas, apesar dos preços mais altos", diz o relatório do World Gold Council.
No acumulado do ano, os bancos centrais adicionaram 634 toneladas às suas reservas. O número é ligeiramente inferior ao observado entre 2022 e 2024, mas segue acima da média em comparação ao período que precede 2022, que variava entre 400 e 500 toneladas.
No terceiro trimestre, países emergentes foram os que mais compraram ouro. O quatro maiores compradores foram o Cazaquistão (18 toneladas), Brasil (15 toneladas), Turquia (7 toneladas) e Guatemala (6 toneladas).
No acumulado do ano, a Polônia lidera a lista, com 67,1 toneladas adquiridas e plano de elevar a participação do ouro de 20% para 30% nas reservas. A China também aparece no ranking com 24 toneladas adquiridas em 2025. Com a única compra feita em setembro, o Brasil ocupa a sétima posição.
A alta do ouro tem sido impulsionada por um aumento no volume de compras por bancos centrais e investidores privados. Para o Goldman Sachs, esse movimento deve continuar em 2026, o que explica a projeção otimista para a cotação do metal em 2026.
Os bancos centrais começaram a comprar ouro como forma de se desvincular de ativos em dólar, diversificar reservas e se proteger de riscos geopolíticos e financeiros. O Goldman Sachs aponta que essa tendência não mudou. Em setembro, o banco estima que as compras somaram 64 toneladas, contra 21 toneladas em agosto.
Para o banco americano, a tendência de compra pelos investidores pessoa física também parece estável. Até agora, em 2025, os investidores aplicaram mais de US$ 41 bilhões em ETFs ligados ao ouro.
Embora eles tenham retirado cerca de US$ 1,2 bilhão no último mês, o banco entende que o movimento não foi drástico. A analista Lina Thomas disse ao Barron's que espera que os investidores e os indivíduos de altíssimo patrimônio continuem adquirindo o metal nos próximos meses.