Repórter
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 06h18.
A BP (BP) registrou um lucro líquido de US$ 1,6 bilhão no segundo trimestre de 2025, superando as expectativas dos analistas. A gigante do setor de energia também reportou uma redução de custos estruturais de US$ 900 milhões no primeiro semestre e um aumento de 4% no dividendo, mantendo sua estratégia de retorno de valor aos acionistas.
A BP também reportou uma receita de US$ 46,6 bilhões, queda de 1,4% em relação ao mesmo período de 2024, quando o valor foi de US$ 47,3 bilhões. Essa diminuição foi impulsionada principalmente pela volatilidade nos preços do petróleo e pela redução nas margens de refino.
Apesar disso, a empresa teve um bom desempenho com receitas provenientes das operações de refino e comercialização de produtos, que compensaram parcialmente a queda nas vendas de petróleo. "Embora os preços voláteis tenham impactado nosso desempenho, continuamos a focar em nossa estratégia de reduzir custos e maximizar o valor para os acionistas", destacou Murray Auchincloss, CEO da BP.
A empresa britânica, que vem enfrentando uma pressão crescente de investidores e desafios operacionais, iniciou uma nova revisão estratégica para reverter anos de desempenho abaixo das expectativas.
Com o novo presidente do conselho, Albert Manifold, que assumirá oficialmente no dia 1º de setembro, a BP pretende realizar uma avaliação mais profunda de seu portfólio de negócios. "Albert fará uma revisão completa da nossa carteira para garantir que estamos maximizando o valor para os acionistas", disse Auchincloss, explicando que o foco será uma alocação de capital mais eficiente.
BP, que já havia anunciado um programa de corte de custos de US$ 20 bilhões até 2027, agora reforça seu compromisso com mais uma rodada de ajustes. A empresa já conseguiu reduzir US$ 900 milhões em custos estruturais na primeira metade de 2025. "Queremos impulsionar a eficiência de custos o máximo possível", disse Murray Auchincloss em entrevista à Bloomberg. "Tivemos um bom começo, mas ainda estamos apenas no segundo trimestre de um plano de 12 trimestres. Tem muito mais a ser feito."
A estratégia está sendo acompanhada de perto pelo ativista investidor Elliott Investment Management, que comprou uma participação significativa na empresa no início deste ano. A Elliott tem pressionado por mudanças mais profundas, incluindo cortes de custos adicionais e uma reavaliação de sua estratégia de ativos.
A empresa também informou que já completou ou anunciou desinvestimentos no valor de US$ 3 bilhões este ano, com a expectativa de alcançar até US$ 4 bilhões até o final de 2025. Esses movimentos fazem parte do plano de BP de reduzir sua dívida e refocar em suas operações principais no petróleo e gás, depois do fracasso da estratégia anterior voltada para as energias renováveis e a meta de emissões líquidas zero.
"Queremos garantir que estamos alocando nossos recursos de maneira mais eficiente e focada", afirmou o CEO. O foco, segundo ele, agora é o fortalecimento das operações de petróleo e gás, enquanto a empresa realiza o desinvestimento de áreas que não são consideradas estratégicas para o seu futuro imediato.
A pressão de investidores não se limita à área financeira. O investidor ativista Elliott também tem sido incisivo ao pedir uma reavaliação de como a BP lida com os custos de capital e com a alocação de recursos. "Estamos buscando ser líderes na redução de custos dentro do setor", declarou Murray Auchincloss, ressaltando que as reformas na estrutura de custo estão longe de ser concluídas.
A reestruturação inclui também a avaliação de ativos menores, com a BP se concentrando mais nas operações essenciais de upstream (exploração e produção) e no downstream (refino e comercialização). A companhia já confirmou que uma série de desinvestimentos está em andamento, incluindo a venda de algumas de suas unidades de energia renovável.
Entre os novos avanços da empresa, destaca-se a descoberta no pré-sal da Bacia de Santos, no Brasil, onde a BP fez sua maior descoberta em 25 anos. Localizado a cerca de 400 km da costa do Rio de Janeiro, o bloco Bumerangue revelou um grande reservatório de petróleo em um campo de alta qualidade. Durante a divulgação dos resultados, Auchincloss afirmou que está "muito otimista com a descoberta no bloco Bumerangue, que poderá representar um grande impulso para a produção da BP no Brasil".
O campo possui uma coluna de hidrocarbonetos de 500 metros e está localizado em uma área de alta qualidade do pré-sal, com uma extensão geográfica de mais de 300 km². O próximo passo será realizar testes adicionais e análises laboratoriais para avaliar o real potencial do reservatório. "Este é um exemplo claro do nosso foco em projetos de alto valor e com grande potencial de retorno", afirmou o CEO.
A BP continua ampliando sua presença no Brasil, onde também anunciou o início de um projeto de expansão na Bacia de Campos. No total, a empresa já contabiliza dez novas descobertas em 2025, incluindo outras localizações importantes no Golfo do México e na Ásia.
Além das descobertas de petróleo e gás, BP também está enfrentando um ambiente desafiador no mercado de energia, especialmente com a volatilidade nos preços do petróleo e o impacto da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Com a cotação do Brent oscilando abaixo de US$ 70 por barril, BP precisa ajustar suas estratégias para manter a competitividade no setor.
A empresa já sinalizou que continuará com seus planos de reduzir sua exposição ao mercado de energias renováveis e focar nas operações que oferecem um retorno mais imediato. "Embora o mercado de energias renováveis seja importante para o futuro, precisamos garantir que nossas operações atuais continuem a gerar fluxo de caixa positivo para financiar a transição", destacou Auchincloss.
A BP também está se preparando para enfrentar as exigências regulatórias mais rígidas no Reino Unido e em outras partes do mundo, que buscam reduzir a pegada de carbono das grandes empresas de petróleo. "A mudança para uma economia de baixo carbono é inevitável, mas a transição precisa ser feita de forma inteligente e estratégica", disse o CEO. "Estamos prontos para liderar essa mudança, mas precisamos garantir que estamos fazendo isso de maneira rentável e eficiente para nossos acionistas."
Com o foco em custos e desinvestimentos, a BP ainda precisa lidar com a pressão de investidores ativistas e com a necessidade de entregar crescimento a longo prazo. "A empresa precisa encontrar o equilíbrio certo entre cortes de custos e investimentos estratégicos", afirmou Will Hares, analista global de energia da Bloomberg Intelligence.
BP planeja continuar seus esforços de reestruturação ao longo de 2025, com a meta de melhorar sua posição financeira e aumentar a confiança dos investidores. "Nosso objetivo é ser uma das empresas mais eficientes do setor, tanto em termos operacionais quanto financeiros", concluiu Auchincloss.