O novo pacote tarifário de Donald Trump pode ter um efeito oposto ao esperado e intensificar a pressão sobre a economia dos Estados Unidos. Anunciado na última quarta-feira, 2, durante o chamado “Dia da Libertação” dos EUA, o tarifaço afetou os ativos americanos mais do que os de muitas das economias alvo das novas taxas.

Na manhã desta quinta-feira, 3, os índices futuros dos EUA registravam fortes quedas: o Dow Jones e o S&P 500 recuavam 2,5%, enquanto o Nasdaq-100 tinha a pior desempenho, com perdas de 3,4%.

O impacto nas bolsas internacionais foi menos intenso. Na Europa, o Stoxx Europe 600 recuava 2,3% às 12h47 no horário de Londres. Na Ásia, o japonês Nikkei 225 caiu 2,77%, enquanto o CSI 300, da China, teve uma queda mais modesta, de 0,59%. Em Hong Kong, o Hang Seng recuou 1,52%.

Brasil sai ‘vencedor’ em tarifaço, mas incerteza global deve pesar na Bolsa

As perdas generalizadas nos mercados globais evidenciam que, por enquanto, os investidores não acreditam que haja algum país vencedor nessa nova etapa de guerra comercial. No entanto, elas sugerem que os Estados Unidos podem ser uma das maiores vítimas das políticas de Trump.

O Barclays afirmou nesta quinta-feira, 3, que há um “alto risco” de a economia dos Estados Unidos entrar em recessão neste ano após o tarifaço. O banco projeta que o crescimento econômico do país irá se contrair para 0,1% até o final de 2025, segundo informações da Reuters.

“A magnitude dessas tarifas levanta preocupações sobre riscos ao crescimento. Os consumidores americanos podem reduzir seus gastos devido ao aumento dos preços dos produtos importados, e as empresas podem adiar investimentos diante da incerteza sobre o impacto total das tarifas e possíveis retaliações dos parceiros comerciais”, disse Tai Hui, estrategista-chefe de mercado da J.P. Morgan Asset Management para a região da Ásia e do Pacífico, em entrevista à CNBC.

As novas tarifas de Trump também aumentaram a pressão sobre o mercado acionário dos EUA, que já vinha em um ano difícil. Antes do anúncio, o S&P 500 acumulava queda de 3,6%, enquanto o Nasdaq 100 recuava cerca de 7%. Já na Europa, o DAX, principal índice da Bolsa de Frankfurt, subiu 10% em 2025, evidenciando a disparidade entre os mercados.

O tarifaço também impactou o dólar. A moeda americana recua cerca de 2% frente a uma cesta de moedas internacionais, atingindo o menor nível em seis meses. O Deutsche Bank alertou para uma possível “crise de confiança” do dólar e ressaltou que a credibilidade da moeda americana como ativo de proteção está se deteriorando.