Eve: companhia anuncia captação de US$ 230 milhões (eVTOL/Divulgação)
Repórter de finanças
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 09h59.
Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 10h56.
A Eve Air Mobility, braço de aeronaves elétricas conhecidas como eVTOL da Embraer (EMBR3), anunciou que irá captar US$ 230 milhões via emissão de ações. Também informou que, além da listagem nos Estados Unidos, passará a ter ativos negociados no Brasil via Brazilian Depositary Receipts (BDRs),
No total, serão 47.422.680 ações ordinárias ao preço de US$ 4,85 por ação, que multiplicados dão o valor total do investimento. O fechamento da operação está previsto para 15 de agosto de 2025.
A oferta direta tem participação da BNDESPAR, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que investirá US$ 75 milhões, Embraer (US$ 20 milhões) e outros investidores institucionais brasileiros e dos Estados Unidos.
No caso da Embraer, sua participação na Eve deve cair de 82% para 73%, algo que a gestão da Embraer já havia sinalizado anteriormente, já que também existe o objetivo de aumentar a liquidez das ações no nível da Eve.
Parte dessas ações será convertida em BDRs, no valor de R$ 26,21 por ação ordinária, para que a BNDESPAR possa investir via Brasil. Os ativos foram aprovados para listagem na B3 sob o código “EVEB31”, confirmando a listagem dupla da companhia. A Eve planeja disponibilizar a negociação de BDRs na B3 para investidores locais, após a conclusão da oferta privada. Os ativos terão liquidez diária assegurada por um market maker, informou a empresa.
“A listagem dupla da Eve nos Estados Unidos e no Brasil está alinhada à nossa estratégia de diversificação da base acionária, ampliando o acesso a investidores de diferentes mercados”, afirma Eduardo Couto, CFO da Eve, em comunicado sobre a operação.
Para o BTG Pactual, “pelo lado da Embraer, o negócio é interessante, pois aumenta a percepção de valor da Eve”.
Isso ocorre em um momento em que a indústria de eVTOL avança da fase de design thinking para certificação e produção, além de muitos dos pares globais da Eve terem tido uma forte reprecificação de valuation nos últimos meses.
“O aumento da liquidez pode ajudar a impulsionar o mesmo movimento no caso dela”, afirmam Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim.
A Eve informou, em comunicado, que os recursos provenientes da emissão dos BDRs serão utilizados para pagamento de serviços realizados no Brasil, enquanto o saldo líquido remanescente da oferta direta registrada será destinado a fins corporativos gerais, incluindo financiamento das operações, investimentos estratégicos e amortização de dívidas.
Johann Bordais, CEO da Eve, afirma no comunicado: “Essa captação de recursos representa um importante marco em nossa trajetória, contribuindo com a nossa visão e impulsionando nossa missão de transformar a mobilidade urbana. Estamos orgulhosos em poder contar com a participação do BNDES e valorizamos profundamente o compromisso contínuo da Embraer com a Eve e nosso programa”.
Na visão do BTG Pactual, a maioria dos investidores de Embraer ainda subestima o potencial de valor da Eve, devido ao tempo de maturação do produto e aos riscos típicos de empresas em fase de protótipo. Porém, nos últimos meses, a companhia avançou na redução desses riscos e se beneficiou do progresso global do setor.
“Grandes pares globais tiveram reprecificações impressionantes neste ano (JOBY +120% YTD), enquanto outros enfrentaram condições mais difíceis. Acreditamos que isso servirá como um processo de seleção natural para as empresas mais viáveis do setor”, afirmam os analistas.
Com a expertise de engenharia e produção da Embraer, a Eve está bem posicionada para crescer, sustentando a recomendação de compra para Embraer como uma das principais apostas dos analistas.
O fôlego para desenvolver o produto até 2027 chegou com o aumento de capital, segundo o BTG Pactual. “Isso proporciona uma significativa reserva de liquidez para a companhia, especialmente à medida que a fase de desenvolvimento do produto atinge um estágio crítico, com planos para que o protótipo em escala real esteja pronto para seu primeiro voo em dezembro”, afirmam os analistas.
Os testes em solo da Eve têm avançado com sucesso, com os motores de sustentação e propulsores já instalados e em avaliação. Após os primeiros voos, a empresa buscará certificação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e à Federal Aviation Administration (FAA) antes de produzir o protótipo certificado.
Para o ano fiscal de 2025, a previsão de consumo de caixa é de US$ 200–250 milhões, mas, à medida que os marcos de certificação forem alcançados, a conversão das cartas de intenção em pedidos firmes deve começar a gerar fluxo de caixa por meio dos pagamentos antecipados dos clientes.