Após quatro anos de seca, o mercado de ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil pode estar prestes a retomar o fôlego. (NurPhoto/Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 22 de outubro de 2025 às 11h05.
Após quatro anos de seca, o mercado de ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil pode estar prestes a retomar o fôlego. Segundo projeções do Citi, a reabertura da janela de emissões deve ocorrer em 2026, acompanhada também de uma recuperação nas vendas secundárias.
Em entrevista à Bloomberg, Nicolas Roca, chefe do banco de investimento para a América Latina, disse que o fluxo de capital para emergentes como Brasil e México voltou a crescer, o que pode dar um gás ao mercado acionário já no próximo ano. O último IPO no mercado brasileiro ocorreu em setembro de 2021, com a abertura de capital da Vittia Fertilizantes e Biológicos.
Para ele, o cenário político, incluindo a eleição presidencial, não deve impedir uma retomada.
Antonio Coutinho, que comanda o banco de investimento do Citi no Brasil, afirmou que 2026 ainda será um ano de recuperação, sem grandes volumes. Ele não citou empresas específicas, mas destacou que a próxima onda deve partir do setor de infraestrutura.
Já para empresas brasileiras de tecnologia, o destino preferencial para listagens segue sendo o mercado dos EUA.
Com a taxa Selic em 15%, muitas companhias com perfil mais alavancado estão migrando da dívida para o mercado de ações. À Bloomberg, Coutinho explica: as empresas querem preservar seus balanços, com o follow-on voltando a ser um tema recorrente.
Neste ano, Méliuz, Gafisa e Pague Menos já realizaram ofertas subsequentes de ações.
Segundo o executivo, o pipeline começa a se diversificar. Após anos com foco quase exclusivo em infraestrutura, empresas de varejo, finanças e recursos naturais voltaram ao radar.
O IPO é o primeiro passo de uma empresa privada para se tornar uma empresa de capital aberto, permitindo que ela emita ações no mercado de valores.
Esse processo oferece à empresa a possibilidade de levantar grandes quantias de recursos, ampliando sua base de acionistas e ganhando visibilidade no mercado. O IPO pode ser realizado por uma oferta primária, quando a empresa emite novas ações para captar dinheiro, ou uma oferta secundária, quando os acionistas atuais vendem suas ações.
Durante esse processo, ações da empresa são vendidas a investidores pela primeira vez, permitindo que a companhia financie sua expansão, desenvolvimento de novos produtos ou o pagamento de dívidas.
Essa crise ocorre por uma combinação de fatores que afastam investidores e desestimulam as empresas a abrirem capital. O primeiro, e provavelmente o mais importante deles, é a taxa de juros. A Selic chegou a 15% ao ano, o que eleva o custo de oportunidade e favorece investimentos em renda fixa em vez de ações mais voláteis.
Ambiente macroeconômico incerto também atrapalha. Persistem incertezas fiscais, dificuldades políticas para reformas estruturais e instabilidade econômica que abalam a confiança dos investidores institucionais e pessoas físicas.
Além disso, choques econômicos globais recentes, guerras, pandemia e crises nas cadeias produtivas aumentaram o apetite pelo investimento seguro em detrimento de ações de empresas recém-listadas.