Wall Street: o Zions Bancorp registrou uma baixa contábil de US$ 50 milhões (Bloomberg Creative/Getty Images)
Repórter
Publicado em 17 de outubro de 2025 às 12h13.
Última atualização em 17 de outubro de 2025 às 12h20.
A revelação de novos casos de fraude de crédito por dois bancos regionais dos Estados Unidos — Zions Bancorp e Western Alliance Bancorp — reacendeu o debate em Wall Street sobre a possibilidade de novos problemas de crédito no sistema financeiro americano.
Embora os valores envolvidos sejam menores do que os colapsos recentes de outras empresas, a reação dos investidores foi significativa, com uma forte onda de vendas no setor bancário. Segundo informações da Bloomberg, os dois bancos revelaram perdas ligadas a empréstimos concedidos a fundos associados aos investidores Andrew Stupin e Gerald Marcil.
No caso do Zions Bancorp, a subsidiária da Califórnia concedeu US$ 60 milhões em crédito. Uma investigação apontou que parte das garantias — incluindo notas promissórias e imóveis — foi transferida para outras empresas, o que levou o banco a abrir um processo judicial e a registrar uma baixa contábil de US$ 50 milhões. As ações do Zions caíram 13% na quinta-feira, a maior queda em seis meses.
A Western Alliance Bancorp, que também concedeu crédito aos mesmos tomadores, entrou com uma ação separada acusando a Cantor Group V de fraude, de acordo com informações da Reuters. As ações da instituição recuaram 11% no mesmo dia.
Nesta sexta-feira, 17, por volta do meio-dia, as ações do Zions subiam 3,43% e as do Western Alliance registravam ganhos de 1,15%.
O episódio se soma a uma série de problemas recentes de crédito. Em setembro, a financeira subprime Tricolor Holdings entrou em falência, praticamente eliminando parte de sua dívida. Pouco depois, a fornecedora de autopeças First Brands Group também colapsou, deixando mais de US$ 10 bilhões em débitos com grandes credores de Wall Street.
A resposta do mercado foi imediata: 74 dos maiores bancos dos EUA perderam mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado na quinta-feira, 16. O temor de que novos casos possam surgir ecoou as declarações recentes de executivos do setor.
Antes da divulgação dos novos problemas, o CEO da JPMorgan, Jamie Dimon, havia alertado investidores de que mais dificuldades de crédito poderiam aparecer.
Na sexta-feira, no entanto, parte do pessimismo se dissipou. Resultados trimestrais de outros bancos regionais, como Fifth Third Bancorp, não mostraram novas preocupações relevantes, ajudando a conter a sangria.
Os grandes bancos também sinalizaram confiança de que o problema é, por ora, pontual. Apesar de a JPMorgan ter elevado suas provisões para perdas de crédito a US$ 3,4 bilhões no trimestre, seus principais concorrentes reduziram os valores destinados a cobrir inadimplência — e a Morgan Stanley não fez novas reservas.
O episódio, segundo a Bloomberg, mostra como a fragilidade de alguns segmentos de crédito corporativo ainda preocupa investidores e expõe os bancos regionais a riscos maiores.