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Gestora Persevera desafia consenso e aposta em Selic a 3%

Tese tem como base cenário de crescimento abaixo do esperado e inflação fraca

Juros: para gestor, taxa Selic irá chegar aos 3% ainda neste ano (IltonRogerio/Getty Images)

Juros: para gestor, taxa Selic irá chegar aos 3% ainda neste ano (IltonRogerio/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 14h44.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 15h02.

São Paulo — Um grupo de ex-gestores do HSBC no Brasil está fazendo uma aposta ousada no juro brasileiro. Para eles, a queda na taxa Selic terá de ser muito mais profunda do que o mercado espera, desafiando as apostas de que o ciclo de flexibilização esteja próximo do fim.

Os gestores, que criaram juntos a Persevera Asset Management, esperam que o país cresça abaixo do previsto mais uma vez, o que forçará o Banco Central a reduzir a taxa básica dos atuais 4,5% para 3% ainda neste ano.

As pequenas empresas e as famílias continuam bastante endividados, pagando juros altos, que não caíram tanto quanto a Selic, de acordo com Guilherme Abbud, diretor de investimentos da gestora.

Enquanto a maioria dos operadores está prevendo um corte final de 0,25 ponto percentual da Selic, dois dos maiores gestores de fundos no Brasil, Rogério Xavier e Luis Stuhlberger, defenderam o fim do ciclo de flexibilização monetária. Xavier argumenta que novos cortes poderiam trazer riscos para as metas de inflação.

Um dos pilares que sustentam a projeção da Persevera é o cenário benigno para inflação. Para Abbud, uma inflação de 3% em 2020 está longe de ser improvável, enquanto economistas atualmente estimam que o IPCA deste ano fique em 3,4%. O crescimento deve ficar em torno de 1,5%, diz ele, muito abaixo da previsão média de 2,3%.

O Copom anuncia sua próxima decisão nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado. A curva de juros passou a precificar quase integralmente um novo recuo da taxa nesta terça-feira, após a produção industrial cair mais do que o esperado em dezembro, o que aumentou a preocupação com a força da tão esperada recuperação econômica.

Um corte maior do que o esperado pode trazer um impacto positivo sobre os resultados das empresas brasileiras e a gestora vê espaço para o Ibovespa subir acima dos 150.000 pontos neste ano. São Martinho, CCP, Mahle-Metal Leve e Qualicorp estão entre as principais posições, segundo Fernando Fontoura, gestor responsável pela estratégia de renda variável fundamentalista.

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