Rali da bolsa: alta acumulada de 53% em dólares provocou reação de cautela entre os investidores brasileiros (Getty Images/Reprodução)
Repórter de Mercados
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 10h11.
O forte rali do Ibovespa em 2025 — com alta acumulada de 53% em dólares — provocou uma reação de cautela entre os investidores brasileiros. Segundo relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), há um movimento crescente de realização de lucros e redução de posições após a sequência de altas.
O desconforto com os valuations é um dos principais gatilhos. Mesmo assim, 42% dos gestores ainda consideram que as ações estão “justas” ou “razoavelmente baratas”.
Em contraste com esse sentimento mais defensivo, o próprio BTG sustenta que a bolsa brasileira continua atrativa. Excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), o índice de Preço/Lucro projetado está em 10,4 vezes, um desvio padrão abaixo da média histórica (11,9x). O prêmio de risco das ações, em 2,4%, também segue abaixo da média de longo prazo.
“As ações brasileiras ainda parecem baratas”, afirma o banco no relatório divulgado nesta segunda-feira, 1.
A expectativa é que o Banco Central inicie o ciclo de corte da Selic em janeiro de 2026, com um primeiro ajuste de 0,25 ponto percentual. O BTG projeta que a taxa básica caia para 12% até o fim de 2026 — uma redução acumulada de 3 pontos.
Esse cenário mais benigno para os juros sustenta a valorização dos ativos. Em novembro, o Ibovespa subiu 6% em reais (7% em dólares), superando os principais índices globais e regionais.
Mesmo com a alta, o BTG reforça que os múltiplos seguem atrativos. “O valuation mais barato pode oferecer proteção em caso de volatilidade e ampliar o potencial de alta”, diz o relatório.
O banco também atualizou as estimativas de impacto da Selic nos lucros de empresas sensíveis à taxa de juros. A cada 100 pontos-base de corte: a Localiza (RENT3) pode ter aumento de lucro de 7,2%; as homebuilders (como Cyrela e Direcional) devem crescer 1,7%.
Além dessas, setores como varejo, locação de veículos, energia e concessões rodoviárias também devem se beneficiar.
A temporada de balanços do terceiro trimestre de 2025 trouxe sinais mistos. O setor de agronegócio e alimentos e bebidas apresentou o desempenho mais fraco em termos de crescimento de receita.
No setor bancário, os lucros foram pressionados pelo Banco do Brasil, enquanto o Itaú reportou um crescimento de 11% no lucro líquido em relação ao ano anterior.