Aviões da Gol e da Azul no aeroporto de Brasília: companhias encerraram codeshare mas vão honrar bilhetes já emitidos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Publicado em 26 de setembro de 2025 às 08h34.
As companhias aéreas Gol (GOLL54) e Azul (AZUL4) comunicaram ao mercado na noite de quinta-feira, 25, que encerraram as negociações para uma possível fusão dos negócios.
Segundo a Azul, em fato relevante publicado na noite passada, o Memorando de Entendimentos assinado em janeiro de 2025 com a Abra Group Limited, controladora indireta da Gol, perdeu efeito.
Já a Abra, holding que reúne Gol e Avianca, explicou em carta anexada ao fato relevante da Gol que “as partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11”.
O Chapter 11 é processo de recuperação judicial segundo a legislação dos Estados Unidos, mecanismo usado pela Azul para reestruturar dívidas e ajustar sua operação.
Apesar disso, a holding afirmou que continua "acreditando no mérito de uma combinação de negócios entre a Azul e a GOL Linhas Aéreas" e que está "pronta, disposta e disponível para engajar com os stakeholders aplicáveis".
Além da fusão, foi encerrado o acordo de codeshare firmado em 2024, que permitia a venda cruzada de passagens entre as duas companhias para ampliar destinos. A Azul informou que honrará todas as passagens emitidas nesse período, enquanto a Gol reforçou que os bilhetes já comercializados seguem válidos.
As conversas entre as empresas chegaram a avançar em meio às dificuldades financeiras do setor durante a pandemia, mas perderam força com a recuperação da demanda aérea e a saída da Gol da recuperação judicial, concluída em junho deste ano.
Em uma audiência na Câmara dos Deputados, representantes das companhias já haviam negado qualquer fusão em andamento, classificando as tratativas anteriores como um cenário “que já não está mais aí”.
Além das negociações de fusão, o debate público também tem exposto suspeitas de combinação de preços entre Gol, Azul e Latam, em análise feita pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O presidente do órgão regulador afirmou recentemente que há indícios de problemas de rivalidade no setor, em um momento de aumento de passageiros, mas redução no número de voos.